Crise entre Poderes

Lindbergh critica Motta por surpresa em votação do IOF: "Faltou diálogo"

Líder do PT na Câmara diz que decisão de pautar revogação do decreto pegou base de surpresa e pode inviabilizar programas sociais

Em coletiva, Lindbergh revelou que os líderes governistas só foram informados da inclusão do projeto na pauta por meio de uma publicação de Motta no X (antigo Twitter), por volta das 23h35 da noite anterior -  (crédito: Liderança do PT/Divulgação)
Em coletiva, Lindbergh revelou que os líderes governistas só foram informados da inclusão do projeto na pauta por meio de uma publicação de Motta no X (antigo Twitter), por volta das 23h35 da noite anterior - (crédito: Liderança do PT/Divulgação)

A antecipação da votação sobre a derrubada do decreto que aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeira) continua gerando tensão entre o Palácio do Planalto e o comando da Câmara dos Deputados. O líder do PT na Casa, deputado Lindbergh Farias (RJ), classificou como “estranha” a forma como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu pautar o tema sem comunicar previamente a base governista.

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (25/6), Lindbergh revelou que os líderes governistas só foram informados da inclusão do projeto na pauta por meio de uma publicação de Motta no X (antigo Twitter), por volta das 23h35 da noite anterior. “Fomos pegos de surpresa por um tweet. Um tema dessa gravidade precisava ter sido discutido no Colégio de Líderes. A maior parte dos deputados sequer está em Brasília”, criticou.

O líder petista também questionou a escolha do relator da proposta, o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), conhecido por sua postura combativa e alinhada ao bolsonarismo. “Designar um bolsonarista histriônico para relatar essa matéria é uma provocação infantil. Mostra que não há espaço para diálogo”, disse.

O petista advertiu que, caso o decreto que aumenta o IOF seja derrubado, o governo federal terá de contingenciar cerca de R$ 12 bilhões do Orçamento ainda neste ano, afetando diretamente áreas sociais. “Isso vai significar corte no Minha Casa Minha Vida, na educação, na saúde. O governo fez um esforço de contingenciar R$ 30 bilhões, sendo R$ 20 bilhões cobertos com o IOF. Sem isso, não há alternativa a não ser cortar mais”, alertou.

Conforme o Correio noticiou, o governo esperava que a discussão sobre a medida ocorresse somente após a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para 22 de julho, quando haveria maior clareza sobre o cenário fiscal. A articulação palaciana também contava com a construção de um novo pacote tributário em negociação com o Congresso para substituir o aumento do IOF.

Confronto político

Para Lindbergh, a decisão de Motta de não discutir previamente o assunto com os líderes acirra os ânimos e antecipa um clima de confronto político. “É preciso maturidade. Estamos tratando de temas econômicos sérios. Essa movimentação parece mais um ensaio para antecipar o calendário de 2026 e desgastar o governo Lula”, afirmou.

O parlamentar reforçou ainda que “não se pode usar a irritação com atrasos na liberação de emendas como justificativa para aprovar uma medida que prejudica os mais pobres”. E defendeu a agenda econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “A proposta do governo era de fazer justiça tributária, com cobrança sobre o andar de cima — bets, fintechs, bancos. Mas há setores econômicos que não aceitam pagar nada.”

Expectativa para a votação

Apesar das críticas, Lindbergh reconheceu que a votação está mantida para esta quarta-feira e deve ocorrer ainda no período da tarde, em sessão virtual. Parlamentares da base tentam mobilizar votos contrários, mas admitem dificuldades em reverter o cenário. “O que estão tentando fazer é asfixiar o governo. É uma tentativa clara de impor uma derrota política com consequências econômicas graves”, disse o líder petista.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Por Wal Lima
postado em 25/06/2025 12:25
x