Audiência

Marina rebate críticas e atribui aumento das queimadas a incêndios criminosos

Em audiência na Comissão de Agricultura, a ministra do Meio Ambiente afirmou que desmatamento e queimadas são agravados por crimes ambientais e eventos extremos, e reiterou apoio às pautas dos povos originários

Marina Silva:
Marina Silva: "A maior parte desses incêndios tem origem criminosa. É fogo colocado com objetivo de desmatar, grilar ou expandir ilegalmente áreas de exploração" - (crédito: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados)

Em audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (2/7), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, atribuiu parte do aumento das queimadas na Amazônia em 2024 a incêndios criminosos.

A ministra foi convidada a prestar esclarecimentos sobre ações de fiscalização do Ibama e do ICMBio em audiência pública convocada pelos deputados Evair de Melo (PP-ES) e Rodolfo Nogueira (PL-MS). Na ocasião, ela rebateu críticas de deputados ruralistas sobre suposta perseguição a produtores.

Ao explicar os dados do crescimento dos focos de calor, a ministra destacou que o país enfrentou “um evento climático extremo”, mas que isso não isenta a responsabilidade humana. “De fato, nós tivemos, em 2024, um aumento dos incêndios no Brasil. Esse aumento de incêndios se deu em função de um extremo climático que não afetou apenas o Brasil, ele afetou o mundo inteiro”, afirmou.

Ela destacou, contudo, que há forte presença de ação deliberada: “A maior parte desses incêndios tem origem criminosa. É fogo colocado com objetivo de desmatar, grilar ou expandir ilegalmente áreas de exploração”.

Marina Silva mencionou ainda que, apesar das condições climáticas, as ações do Ibama têm sido fundamentais para coibir práticas ilegais. “O Ibama faz o seu trabalho. Não em prejuízo do bom produtor, mas a favor daqueles que fazem certo. Trabalhamos com a lógica de que não basta dizer o que não pode, é preciso estabelecer o como pode”, disse em tom firme.

Acampamento Terra Livre

A chefe da pasta do Meio Ambiente também foi questionada pelos parlamentares sobre sua participação no Acampamento Terra Livre (ATL), evento que reúne lideranças indígenas em Brasília. A ministra defendeu a realização do ato e disse que é tradição de vários governos democráticos acompanhar as mobilizações.

“Não sou só eu. Um conjunto de ministros do presidente Lula, historicamente, sempre vai ao Acampamento Terra Livre, recepcionam os indígenas, como eu acredito que eles devem ser recepcionados”, afirmou.

Ela também se solidarizou com a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG), que teria sido desrespeitada durante a marcha. “Houve uma agressão e um desrespeito com a nossa querida deputada Célia, no momento em que ela tentou fazer uma mediação. Disse que era deputada e não foi ouvida”, relatou.

A ministra reafirmou seu compromisso com os direitos dos povos indígenas, citando ações concretas do governo. “Estamos fazendo desintrusões em terras indígenas como a Yanomami, Apiterewa e a do povo Kayapó, retirando grileiros, garimpeiros, madeireiros e outros criminosos ambientais.”

Ao fim da sessão, Marina afirmou que os órgãos ambientais seguem com autonomia e que o combate aos crimes ambientais é parte indissociável da política climática do governo. “Não há atraso, há critério. Não temos que ceder à pressão política para liberar substâncias ou práticas que ferem a saúde pública, o meio ambiente e até o próprio setor produtivo, a médio prazo”, concluiu.

Por Wal Lima
postado em 02/07/2025 12:50
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