Bolsonaro nega plano de fuga e diz que dólares apreendidos estavam "com recibo do Banco do Brasil"
Ex-presidente afirma que valores encontrados pela PF têm origem lícita e seriam declarados no próximo Imposto de Renda: "Sempre guardei dólar em casa, pô"
18/07/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Ex-presidente Jair Bolsonaro é conduzido ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal para colocar tornozeleira eletrônica. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Em declaração nesta sexta-feira (18/7), logo após sair da sede da Polícia Federal, onde colocou tornozeleira eletrônica, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer intenção de fugir do país e rebateu suspeitas levantadas após a apreensão de cerca de R$ 7 mil em espécie e aproximadamente US$ 14 mil (dólares) em sua residência, durante operação da Polícia Federal. A busca e apreensão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito que apura suposto financiamento e articulação internacional de atos antidemocráticos.
Questionado por jornalistas, Bolsonaro alegou que o valor em dólares tem origem legal. “Todo dólar pego lá tem o recibo do Banco do Brasil”, afirmou. “Esse valor era declarado, presidente?”, perguntou uma repórter. “O dólar em casa está com recibo. Eu tirei esse corrente ano. Declaro no ano que vem no Imposto de Renda”, respondeu.
As suspeitas ganharam força após o ex-presidente ser proibido de deixar Brasília e se aproximar de embaixadas, além de ter sido obrigado a usar tornozeleira eletrônica por ordem do Supremo Tribunal Federal. Para os investigadores, a presença de dinheiro em espécie pode indicar preparo para eventual fuga do país — o que Bolsonaro nega com veemência.
A Polícia Federal deflagrou uma operação na manhã desta sexta-feira (18/7) contra Jair Bolsonaro, com autorização do STF
Mateus Bonomi/AFP
Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente e em endereços ligados ao Partido Liberal (PL)
Mateus Bonomi/AFP
O STF determinou que Bolsonaro passe a usar tornozeleira eletrônica para monitoramento contínuo
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Ele está proibido de sair de casa entre 19h e 7h, como medida de contenção e vigilância
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Bolsonaro não poderá acessar ou usar redes sociais, nem mesmo por meio de terceiros
AFP
Está proibido de se comunicar com outros réus ou investigados, inclusive o filho Eduardo Bolsonaro
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Jair Bolsonaro não pode se comunicar com diplomatas, embaixadores ou representantes estrangeiros
AFP
Está vetado seu acesso físico a embaixadas, especialmente a dos Estados Unidos
AFP
Ele não poderá deixar o país sem autorização prévia do Supremo Tribunal Federal
AFP
Endereços ligados ao Partido Liberal foram alvo de busca e apreensão na mesma operação
AFP
O advogado Fabio Wajngarten disse que a defesa recebeu as medidas com surpresa e vai se manifestar após acesso ao processo
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O Partido Liberal classificou a operação como desproporcional e questionou sua justificativa
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O deputado Rogério Correia (PT-MG) solicitou a prisão preventiva e a tornozeleira, citando risco de fuga
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A Corte atendeu parcialmente, impondo restrições, mas sem decretar prisão até o momento
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As medidas representam o avanço das investigações e aumentam o cerco judicial sobre o ex-presidente
Edilson Rodrigues/Agência Senado
“Nunca pensei em sair do Brasil. Nunca pensei em ir para a embaixada”, declarou. Ao ser novamente confrontado sobre a hipótese de fuga, Bolsonaro minimizou: “Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”.
A Polícia Federal (PF) fez operação na residência do ex-presidente na manhã desta sexta-feira (18/7). Busca e apreensão encontrou US$ 14 mil (cerca de R$ 78 mil) e R$ 8 mil em espécie, além de um pen drive.
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Após ação, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares contra Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica
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O político foi encaminhado ainda na manhã desta sexta-feira (18/7) ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde colocou o dispositivo eletrônico
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A decisão de Moraes determina ainda que Bolsonaro não pode usar redes sociais, se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros ou nem com outros réus e investigados pelo STF, incluindo o filho Eduardo Bolsonaro. Ele também deve cumprir recolhimento domiciliar de 19h às 6h
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Em fala à imprensa, o ex-presidente afirmou que é alvo de uma "suprema humilhação". Em relação aos dólares, ele alegou: "Sempre guardei dólar em casa. É normal". Ter dólares em casa não é ilegal, mas é necessário declarar valores acima de US$ 10 mil. A suspeita é de que o dinheiro poderia ser usado para arquitetar fuga do país.
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"Eu não tenho a menor dúvida de que (esse movimento) é uma perseguição. Que provas tem contra mim? Não tem nada, são só suposições. Quando se fala em (acusação) criminal, você tem que ter algo concreto. Eu não me reuni com marginal no Morro do Alemão, como o Lula fez, 'tá'?", declarou o ex-presidente.
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Decisão de Moraes aponta que Bolsonaro e o filho Eduardo "vêm atuando, ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América, com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro".
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Os atos do ex-presidente e do filho podem ser configurados como crime de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito
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Após conversa com a imprensa no Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, Jair Bolsonaro foi para a sede do Partido Liberal
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Bolsonaro fala à imprensa após colocar a tornozeleira eletrônica
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A fala ocorre no mesmo momento em que a Justiça amplia o cerco a aliados do ex-presidente. Um dos focos do inquérito é a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que atualmente se encontra nos Estados Unidos. O ex-presidente também abordou a situação do filho, dizendo que ele “vai continuar nos Estados Unidos” porque “se vier pra cá, vai ter problemas”.
Durante a coletiva improvisada, Bolsonaro se disse vítima de perseguição política e classificou as medidas cautelares como parte de um processo de “suprema humilhação”. “Ficam o tempo todo fustigando”, afirmou, ao criticar a quarta operação de busca e apreensão em sua residência desde o fim do mandato.
Jornalista com mais de 10 anos de experiência, com especialização em Marketing Político Digital. Além da experiência em redação e portais, já atuei como assessora de comunicação de parlamentares na Câmara dos Deputados. Tenho o jornalismo como uma missão