Justiça

Como foi o dia de Bolsonaro e quais as repercussões das novas medidas cautelares 

Além da tornozeleira eletrônica, STF proibiu que o ex-presidente use redes sociais e entre em contato com o filho Eduardo Bolsonaro, deputado que está nos EUA

Ex-presidente Jair Bolsonaro foi conduzido ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, para colocar tornozeleira eletrônica. -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Ex-presidente Jair Bolsonaro foi conduzido ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, para colocar tornozeleira eletrônica. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Por Lara Costa — Especial para o Correio

Na manhã desta sexta-feira (18/7), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), use tornozeleira eletrônica. A Polícia Federal informou que foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas.

Confira os desdobramentos sobre da operação desta sexta-feira:

  • A decisão de Alexandre de Moraes

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que Bolsonaro use tornozeleira eletrônica e não saia de casa entre 19h e 6h. Além disso, ele não pode acessar redes sociais e nem entrar em contato com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho dele que está nos Estados Unidos. Bolsonaro também está proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros e não pode se aproximar das áreas de embaixadas.

De acordo com o despacho de Moraes, as investigações indicam que o ex-presidente auxiliou Eduardo financeiramente com um Pix de R$ 2 milhões, além de instigar os seguidores nas redes sociais contra o Poder Judiciário brasileiro e replicar mensagens do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que atacavam a soberania brasileira e a independência judicial.

No despacho, Moraes afirma que o Bolsonaro admitiu de forma "consciente e voluntária" uma tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira e que agiu com o filho Eduardo para "interferir no curso de processos judiciais".

  • A operação da Polícia Federal

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e na sede do Partido Liberal em Brasília. Os agentes da PF encontraram cerca de US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie na casa do ex-presidente, além de um pendrive escondido em um banheiro da residência.

As provas levantam suspeitas sobre uma possível fuga de Bolsonaro. Além disso, os agentes encontraram uma cópia da petição inicial contra Alexandre de Moraes da rede social Rumble, que o acusa de censura.

Por volta das 10h, Jair Bolsonaro foi ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, para colocar a tornozeleira eletrônica.

  • Entrevistas após colocar a tornozeleira

O ex-presidente Jair Bolsonaro deu diversas entrevistas durante à tarde, após deixar o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica. Às 13h57, Bolsonaro negou qualquer intenção de fugir do país. "Nunca pensei em sair do Brasil. Nunca pensei em ir para a embaixada”, disse. No entanto, o ex-presidente afirmou que “sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”.

Sobre o dinheiro encontrado na casa dele, Bolsonaro alegou que o valor em dólares tem origem legal, e que “todo dólar pego lá tem o recibo do Banco do Brasil”.

  • A resposta no Supremo

Às 11h30, o ministro Cristiano Zanin marcou uma sessão extraordinária para julgamento sobre o caso, que está no plenário virtual da Corte, sistema que os integrantes votam sem a necessidade de discussão presencial sobre o tema.. Além de Zanin, fazem parte do colegiado: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Zanin, Dino e Moraes votaram pela manutenção das medidas cautelares, formando maioria. Até então, Cármen Lúcia e Fux ainda não votaram. 

Durante a sessão plenária, às 14h20, Alexandre de Moraes disse que Bolsonaro e Eduardo atuam para instigar "o governo estrangeiro a prática de atos hostis ao Brasil e à ostensiva tentativa submissão do funcionamento do Supremo Tribunal Federal aos Estados Unidos da América". 

  • A repercussão na família e no meio político 

Os filhos do ex-presidente se manifestaram contra a decisão. Pelas redes sociais, Eduardo Bolsonaro afirmou que a ordem faz parte de um movimento de “perseguição contra o maior líder da direita no hemisfério sul”.

O senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ) também prestou apoio. "Fica firme, pai, não vão nos calar. A proposital humilhação deixará cicatrizes nas nossas almas, mas servirão de motivação para continuarmos lutando pelo nosso Brasil livre de déspotas". 

Às 13h30, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se pronunciou sobre o ocorrido, publicou referência a trecho bíblico no Instagram: “Senhor, te amarei e te louvarei por todos os dias da minha vida. Feliz é a nação cujo Deus é o senhor!”.

Durante evento em Missão Velha, no Ceará, o presidente Luis Inácio Lula da Silva confirmou a candidatura para reeleição e disse que não entregará o Brasil “de volta para aquele bando de maluco que quase destruiu esse país nos últimos anos”.

“Se eu tiver com a saúde e disposição que eu estou hoje, vocês podem ter certeza que eu serei candidato outra vez, para ganhar as eleições nesse país. Porque eu não vou entregar esse país de volta para aquele bando de maluco que quase destruiu esse país nos últimos anos. Podem estar certos disso: eles não voltarão”, diz o chefe de Estado.

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postado em 18/07/2025 17:36
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