
A Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) da Câmara dos Deputados recebeu, nesta quarta-feira (13/7), a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Tatiana Prazeres, para prestar esclarecimentos sobre as medidas adotadas pelo governo brasileiro diante da nova política tarifária dos Estados Unidos.
O presidente norte-americano Donald Trump elevou alíquotas de importação para diversos produtos brasileiros, chegando a 50% em alguns casos, e manteve fora da lista de exceções setores estratégicos como máquinas e equipamentos, carnes, café, frutas, móveis, têxteis e calçados. Segundo o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, cerca de 35,9% das exportações brasileiras para o mercado americano serão atingidas pelo tarifaço de Trump.
Convocado para a audiência, Alckmin não pôde comparecer e foi representado por Tatiana. A secretária apresentou dados que mostram um deficit comercial de mais de US$ 28 bilhões com os EUA em 2024, considerando bens e serviços. No setor de serviços, que não foi alvo direto da sobretaxa, as maiores perdas foram registradas em viagens (-US$ 6,98 bilhões), serviços financeiros (-US$ 2,58bilhoes), seguros (-US$ 394 milhões), transporte (-US$ 2,3 bilhões), manutenção e reparo (-US$ 759 milhões), propriedade intelectual (-US$ 5,15bilhoes).
Tatiana defendeu que o Brasil “não é um problema comercial para os Estados Unidos” e que a relação é de complementaridade econômica, beneficiando ambas as partes. Ela ressaltou que a média da alíquota cobrada pelo Brasil sobre produtos americanos é de apenas 2,73%, com oito dos 10 principais itens importados dos EUA tendo tarifa zero.
A estratégia do governo brasileiro envolve três frentes: negociações diretas com autoridades norte-americanas, defesa formal na investigação conhecida como “Seção 301” — com prazo de submissão de argumentos até 18 de agosto e audiência marcada para 2 e 3 de setembro em Washington — e contestação das tarifas na Organização Mundial do Comércio (OMC), seguindo o exemplo de países como China e Canadá.
Diplomacia
No campo diplomático, há um canal direto de diálogo entre Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA, além de reuniões técnicas e encontros com o setor privado brasileiro para alinhar argumentos. Um ponto sensível, segundo Tatiana Prazeres, é a tentativa de ampliar a lista de exceções, removendo restrições como as que limitam a entrada de determinadas máquinas apenas se destinadas ao setor aeronáutico.
A secretária informou ainda que o plano de mitigação dos impactos, anunciado hoje pelo governo, busca contar com participação ativa do Congresso Nacional. “Este é um esforço coletivo. Precisaremos do envolvimento do Legislativo para buscar soluções que protejam a indústria e o emprego no Brasil”, concluiu.
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