O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) reagiu, nesta terça-feira, às declarações do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, que chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "antissemita declarado" e "apoiador do Hamas". Em nota publicada nas redes sociais, a chancelaria brasileira classificou as falas de Katz como "ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis" contra o Brasil e o chefe de Estado.
"Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem (segunda-feira) contra o Hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários", afirmou o Itamaraty.
A chancelaria brasileira destacou que as operações militares de Israel já resultaram na morte de 62.744 palestinos, sendo um terço mulheres e crianças, além da imposição de "uma política de fome como arma de guerra" contra a população da Faixa de Gaza. O ministério lembrou que Israel é alvo de investigação na Corte Internacional de Justiça (CIJ) por "plausível violação" da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.
A ofensiva verbal de Katz ocorreu após o governo Lula anunciar a retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organismo dedicado ao combate ao antissemitismo. O ministro israelense acusou o presidente brasileiro de se alinhar a regimes como o Irã, que nega o Holocausto e ameaça a existência do Estado de Israel.
- Lula critica cenário internacional e cobra mudanças na governança global da ONU
- Por que Israel 'rebaixou' Brasil nas relações diplomáticas, segundo jornal
- Lula volta a criticar ataques de Israel em Gaza: "É genocídio"
A crise se intensificou depois que Israel informou, na segunda-feira, que as relações bilaterais com o Brasil passariam a ser conduzidas em "um nível diplomático inferior". O motivo foi a recusa do governo brasileiro em conceder o agrément ao embaixador indicado por Tel Aviv para Brasília, Gali Dagan — passo necessário para que um diplomata seja oficialmente aceito no país anfitrião.
Katz afirmou que Lula já havia sido declarado persona non grata em Israel, durante seu período como chanceler, após declarações consideradas ofensivas sobre o Holocausto. Agora, segundo ele, a saída do Brasil da IHRA revelaria a "verdadeira face" do presidente.
O Itamaraty, por sua vez, responsabilizou o ministro da Defesa israelense pelo agravamento da crise, ressaltando que cabe a ele garantir que Israel "não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos".
Saiba Mais
-
Política Lula abandona lema "Brasil, União e Reconstrução" e adota novo slogan; saiba qual
-
Política PEC que amplia proteção a parlamentares será votada nesta quarta (27/8)
-
Política Alcolumbre inclui ECA Digital na pauta de votação do Senado
-
Política Dino cobra explicações de Hugo Motta sobre urgência em projeto da "adultização"
-
Política Por que Alexandre de Moraes mandou polícia vigiar casa de Bolsonaro em tempo integral
