O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, voltou a defender a seriedade dos trabalhos da comissão durante entrevista nesta quarta-feira (27/8) ao CB.Poder, parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. O parlamentar afirmou que as investigações já apontam a existência de associações fantasmas, que surgiram e desapareceram rapidamente, movimentando recursos de aposentados sem explicações claras.
“Houve um assalto à Previdência. Precisamos entender quem ajudou e quem se beneficiou desse esquema”, disse.
Segundo o senador, os primeiros depoimentos já estão marcados. Amanhã (28), a comissão ouvirá uma servidora da Defensoria Pública e um delegado da Polícia Federal, em sessão reservada. Viana informou ainda que se reunirá com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), para solicitar o compartilhamento de 14 inquéritos sobre as fraudes. “Se tivermos acesso ao que a Polícia Federal já levantou, poderemos avançar muito mais rápido”, explicou.
Confira entrevista na íntegra:
O presidente da CPMI ressaltou que já há presos envolvidos no caso e que advogados de alguns deles manifestaram interesse em colaborar com a comissão. Para ele, a colaboração pode ajudar a detalhar como funcionava a rede de fraudes, que envolvia não apenas descontos indevidos, mas também escritórios de advocacia atuando de forma coordenada contra a Previdência. “Não era algo isolado. Foi um ataque organizado ao INSS, e precisamos trazer isso à luz”, afirmou.
Questionado sobre o clima político no Congresso, Viana reconheceu que a polarização deverá marcar os trabalhos. No entanto, destacou que sua eleição para a presidência da CPMI foi possível justamente por ocupar um espaço de centro, dialogando com governo e oposição. “Cada parlamentar tem o direito de falar o que quiser. O que não posso permitir é quebra de decoro. O embate político é natural, mas não pode esconder o objetivo da comissão, que é investigar os crimes”, declarou.
O senador garantiu, ainda, que não permitirá que a CPMI seja esvaziada ou transformada em palanque político. “Muita gente desconfia que isso vire pizza. Não será o caso. Nós vamos identificar e levar à Justiça quem roubou o dinheiro dos aposentados. Se houver políticos envolvidos, eles terão que aparecer”, disse.
Devido ao grande número de depoimentos e à proximidade do calendário eleitoral, Viana avaliou que os trabalhos podem se estender para além do prazo. “Inicialmente, temos um prazo de 90 dias, mas é possível que a comissão seja prorrogada. O que importa é entregar respostas à sociedade. Se essa pizza for comida, será por alguém já atrás das grades”, concluiu.
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