
Na manhã desta terça-feira (2/9), o vereador de Belo Horizonte Pedro Rousseff (PT) exaltou a ex-presidente Dilma Rousseff em publicação no X (antigo Twitter), chamando-a de “gigante” por, segundo ele, ter enfrentado o processo de impeachment de 2016 de “cabeça erguida”. A declaração foi feita em comparação à "fuga" do ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento da tentativa de golpe de Estado de 2022, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), sob alegação de problemas de saúde.
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“Dilma Rousseff foi de cabeça erguida enfrentar seus inimigos durante o Golpe, enquanto Jair Bolsonaro fugiu do julgamento alegando “motivos de saúde”. Quem não deve, não teme. A história é implacável”, escreveu o vereador.
O Supremo Tribunal Federal (STF) começou hoje a primeira sessão do julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Entre os réus julgados está o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de participação na trama, associação criminosa e dano ao patrimônio público, ao lado de outros sete investigados.
Apesar da expectativa, Bolsonaro não compareceu ao julgamento. Na segunda-feira (1º/9), a defesa do ex-presidente alegou que sua presença poderia gerar repercussão política negativa e comprometer a estratégia processual. Já nesta terça, os advogados justificaram a ausência por motivos de saúde, conforme divulgado pela BBC.
GIGANTE! Enquanto Dilma Rousseff foi de CABEÇA ERGUIDA enfrentar seus inimigos durante o Golpe, Jair Bolsonaro FUGIU do julgamento alegando “motivos de saúde”. Quem não deve não teme. A história é IMPLACÁVEL!! pic.twitter.com/xuqhHAqlcc
— Pedro Rousseff (@pedrorousseff) September 2, 2025
Segundo a publicação, Bolsonaro teria sido desaconselhado a ir à Corte devido a crises recorrentes de soluço. O problema já havia sido mencionado pelo próprio ex-presidente em áudios enviados ao pastor Silas Malafaia, conteúdo que acabou revelado pela Polícia Federal durante investigações que também levaram ao indiciamento dele e de seu filho Eduardo, suspeitos de tentar coagir autoridades envolvidas no processo.
De acordo com a legislação, os réus não são obrigados a comparecer às sessões no STF. No caso específico de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar, seria necessário pedir autorização ao ministro relator Alexandre de Moraes para que pudesse acompanhar presencialmente a audiência.
Julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF)
- Início do julgamento: STF começou às 9h desta terça-feira (2/9) o julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado e crimes contra a democracia.
- Acusação da PGR: grupo fazia parte do núcleo “crucial” da trama para desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições e articular medidas de exceção para impedir a posse de Lula.
- Réus: Bolsonaro; ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira; Anderson Torres; deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); ex-comandante da Marinha Almir Garnier; e o tenente-coronel Mauro Cid.
Etapas da sessão no STF:
- Relator Alexandre de Moraes apresenta relatório com resumo e provas.
- PGR, por Paulo Gonet, tem até 2h para expor posição.
- Defesas dos réus falam em seguida, cada advogado com até 1h de sustentação.
- Primeira defesa será a de Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada.
- Acusações da PGR: Bolsonaro tinha ciência e participação ativa na trama golpista, incluindo planos de assassinato contra autoridades e apoio aos atos de 8 de janeiro de 2023.
- Votação: após as falas, ministros da Primeira Turma (Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin) iniciam os votos.
Crimes imputados:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Dano qualificado
- Deterioração de patrimônio tombado
- Exceção: Alexandre Ramagem não responde pelos crimes ligados ao 8 de janeiro (já era deputado), mas segue réu por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.
- Acusação contra Bolsonaro: liderança da organização criminosa armada. Penas máximas somadas chegam a 46 anos de prisão.
- Base das investigações: delação de Mauro Cid, documentos, testemunhos e registros digitais coletados pela Polícia Federal e analisados pela PGR.
- Previsão de término: 12 de setembro.
Argumentos da defesa de Jair Bolsonaro
- Cerceamento de defesa pela ausência de tempo hábil para a defesa técnica conhecer as provas dos autos.
- Pedido de nulidade, argumentando que sua participação nas sessões foi impedida.
- Contestação da credibilidade da delação premiada de Mauro Cid e alegação da resistência inicial da testemunha em admitir participação nas acusações mais graves.
- Desconhecimento da "minuta do golpe". A defesa afirma que o ex-presidente só tomou conhecimento da existência da "minuta do golpe" após a apreensão do documento pela Polícia Federal.
- Ausência de provas de que o ex-presidente tenha solicitado a movimentação das Forças Armadas.
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