
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) confirmou nesta segunda-feira (15/9) que parte da delegação brasileira que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York, ainda não teve os vistos emitidos. O encontro anual da ONU começa em 23 de setembro. Segundo a pasta, os pedidos estão “em vias de processamento”, mas há confiança de que o governo dos Estados Unidos não impedirá a entrada de ministros ou autoridades brasileiras.
Marcelo Viegas, diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, explicou que o acordo entre a ONU e o país-sede obriga os EUA a concederem vistos para todos os representantes oficiais. “Qualquer medida contrária representaria violação legal desse compromisso”, afirmou. O diplomata, no entanto, destacou que não há como especular sobre o prazo para a emissão.
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A incerteza ganhou força após declarações do presidente norte-americano, Donald Trump. No início do mês, o republicano disse que poderia restringir vistos de autoridades brasileiras, afirmando que o Brasil “está indo muito mal”. Trump disse ainda que estava “conversando” sobre o tema com integrantes do seu governo.
Apesar das falas, o Itamaraty minimiza o risco de restrições. De acordo com a chancelaria, poucos integrantes da atual gestão precisam de novos vistos, já que a maioria participou de edições anteriores da Assembleia-Geral e possui permissões válidas por até quatro anos. “Não acredito que cheguemos a enfrentar esse tipo de problema”, reforçou Viegas.
O otimismo brasileiro se apoia na obrigação legal e política dos Estados Unidos como sede do evento. No entanto, o governo Trump recentemente negou vistos a representantes da Autoridade Palestina, impedindo sua participação no encontro da ONU. Até agora, não há informações oficiais sobre os nomes barrados, nem se o presidente Mahmoud Abbas estaria entre eles.
O Brasil manifestou preocupação sobre esse precedente em reunião do Comitê de Relações com o Estado-Sede, realizada na última sexta-feira (12/9). Embora não faça parte do grupo, a delegação brasileira participou da sessão e defendeu o cumprimento integral do acordo firmado entre Washington e a ONU. “Vários países expressaram rejeição a medidas que não estejam em conformidade com as obrigações do Estado-sede”, disse Viegas.
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