Tentativa de golpe

Valdemar recua e diz que errou ao admitir "planejamento de golpe"

Presidente do PL havia argumentado que planejamento não é crime; nesta segunda, disse que se confundiu e que quis dizer que houve "movimento de golpe"

Valdemar também se esforçou para deixar claro que suas falas não se deram para
Valdemar também se esforçou para deixar claro que suas falas não se deram para "enterrar" uma eventual candidatura de Bolsonaro em 2026 - (crédito: Beto Barata/ PL)

Após admitir, no sábado (13/9), que houve um “planejamento de golpe” de Estado, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recuou nesta segunda-feira (15) diante de críticas de bolsonaristas, incluindo parlamentares e aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Eu estou aqui me justificando, dizendo que eu cometi um erro. Em vez de falar movimento, eu falei planejamento. Foi um erro meu e porque eu estava à vontade, num lugar, estava totalmente à vontade, falei e nem percebi que eu falei. Só depois na gravação que eu vi que eu falei”, afirmou Valdemar em entrevista à BandNews TV.

A fala polêmica do dirigente partidário se deu em Itu (SP), no evento Rocas Festival, voltado a entusiastas de cavalos de luxo. Em uma gravação publicada nas redes sociais, Valdemar Costa Neto comentou a condenação de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que houve planejamento de golpe, mas argumentou que isso não seria crime.

“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil, a lei diz: se você planejar um assassinato, planejou tudo, mas fez nada, não tentou, não é crime. O golpe não foi crime”, disse Valdemar, ao lado do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que integra o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

“O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só que absurdo: camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente. Eles falam que aquilo é golpe”, protestou, na ocasião.

Nesta segunda, Valdemar também se esforçou para deixar claro que suas falas não se deram para “enterrar” uma eventual — porém improvável — candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2026. O presidente do PL disse ao Correio em 6 de setembro, antes da condenação, que Bolsonaro continua sendo o Plano A para o próximo ano.

“Foi um erro meu e todo esse pessoal que gosta do Bolsonaro sabe que eu serei fiel a ele até o fim, enquanto eu tiver vivo, eu vou ser fiel ao Bolsonaro e confio no Bolsonaro, que fez um excelente governo”, argumentou.

Críticas

Valdemar recebeu críticas de diversos setores do bolsonarismo depois do ato falho no sábado. Um dos que vieram a público criticá-lo foi o ex-assessor de Bolsonaro Fabio Wajngarten, demitido do PL em maio.

Em um post irônico em seu perfil do X, criticou o que chamou de “jênio” do assessoramento, sem citar nomes, e disse que “quando não se tem o que falar, é óbvio que é melhor não falar”.

“Abrir a boca sem mínima preparação vai errar sempre”, disparou Wajngarten, que disse que a repercussão de falas na imprensa é a mesma que a de um evento de cavalos.

“Aprendi com meus professores de imprensa nos últimos anos que a crise passa, o silêncio não significa abandono nem descaso, nem indiferença”, pontuou.


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postado em 15/09/2025 16:39 / atualizado em 15/09/2025 20:22
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