Nova York

Lula encerra discurso na ONU com homenagem a Mujica e papa Francisco

O presidente reforçou que o Brasil defende uma ordem internacional baseada no diálogo e na cooperação, rejeitando a ideia de blocos antagônicos

Lula sobre Mujica e Francisco:
Lula sobre Mujica e Francisco: "Ambos encarnaram como ninguém os melhores valores humanistas. Suas vidas se entrelaçaram com as oito décadas de existência da ONU" - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

Na reta final de sua fala na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira (23/9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma homenagem a duas figuras que marcaram a política e a religião no século 21: o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica e o papa Francisco, que morreram  neste ano.

“Este ano, o mundo perdeu duas personalidades excepcionais: o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica e o papa Francisco. Ambos encarnaram como ninguém os melhores valores humanistas. Suas vidas se entrelaçaram com as oito décadas de existência da ONU”, disse Lula, antes de lembrar que, se estivessem presentes, eles reforçariam a luta contra o autoritarismo, a desigualdade e a degradação ambiental.

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Segundo Lula, as lições deixadas por Mujica e Francisco ecoam como um chamado à ação. "Se ainda estivessem entre nós, provavelmente usariam esta tribuna para lembrar: Que o autoritarismo, a degradação ambiental e a desigualdade não são inexoráveis; Que os únicos derrotados são os que cruzam os braços, resignados; Que podemos vencer os falsos profetas e oligarcas que exploram o medo e monetizam o ódio; e Que o amanhã é feito de escolhas diárias e é preciso coragem de agir para transformá-lo.”

O presidente reforçou que o Brasil defende uma ordem internacional baseada no diálogo e na cooperação, rejeitando a ideia de blocos antagônicos. “No futuro que o Brasil vislumbra não há espaço para a reedição de rivalidades ideológicas ou esferas de influência. A confrontação não é inevitável. Precisamos de lideranças com clareza de visão, que entendam que a ordem internacional não é um ‘jogo de soma zero’.”

Ao projetar os rumos do século XXI, Lula destacou a necessidade de um mundo multipolar e multilateral. “O século 21 será cada vez mais multipolar. Para se manter pacífico, não pode deixar de ser multilateral. O Brasil confere crescente importância à União Europeia, à União Africana, à ASEAN, à CELAC, aos BRICS e ao G20. A voz do Sul Global deve ser ouvida.”

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Lula também defendeu uma revitalização do papel da ONU, que hoje conta com quase quatro vezes mais membros do que os 51 fundadores. “Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância.”

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postado em 23/09/2025 12:31 / atualizado em 23/09/2025 12:34
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