
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta terça-feira (23/9), a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas com um discurso que uniu críticas contundentes à guerra em Gaza e um apelo por uma mobilização global contra a fome e a pobreza.
Em Nova York, o petista afirmou que “a única guerra, em que todos saem vencedores, é a que travamos contra fome e pobreza”, destacando que esse é o objetivo da aliança global lançada pelo Brasil no âmbito do G20, já apoiada por 103 países.
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Segundo o presidente, a comunidade internacional precisa “rever suas prioridades, reduzir os gastos com guerras e aumentar a ajuda ao desenvolvimento”. Lula relacionou diretamente o sofrimento humanitário na Faixa de Gaza ao descaso mundial com a desigualdade e a miséria, defendendo que a fome jamais seja usada como instrumento de dominação.
Ao se referir à situação no Oriente Médio, o líder brasileiro acusou Israel de utilizar a privação alimentar como estratégia militar. “Nada, absolutamente nada justifica o genocídio em curso em Gaza”, declarou, sob aplausos das delegações. Para ele, o bloqueio imposto à região representa um crime que atinge, sobretudo, mulheres e crianças.
“Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes, mas também o direito internacional, o humanitário e o mito da superioridade étnica do Ocidente”, afirmou.
O presidente também voltou a cobrar mudanças na governança global. Criticou o uso recorrente do veto no Conselho de Segurança da ONU — especialmente pelos Estados Unidos — que tem impedido avanços em resoluções sobre a criação de um Estado palestino. “O povo palestino corre risco de desaparecer. Só sobreviverá como Estado, integrado à comunidade internacional”, alertou.
Justiça e solidariedade
Lula condenou ainda a decisão dos EUA de impedir a presença do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, no plenário da ONU, classificando a medida como “afronta à diplomacia e à justiça”. Em tom de equilíbrio, destacou a coragem de judeus que se opõem às ações militares de Israel: “Quero demonstrar admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva”.
O discurso reforçou a posição que o presidente Lula já havia adotado na véspera, durante a Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina, quando falou em “limpeza étnica em tempo real” e defendeu sanções a produtos de assentamentos ilegais.
A fala do petista buscou ainda colocar o Brasil no centro do debate internacional sobre direitos humanos, desigualdade e segurança alimentar, ao propor que a luta contra a fome seja vista como a principal prioridade da humanidade. “Enquanto bilhões de dólares são destinados a guerras, milhões de pessoas seguem sem ter o que comer. Essa é a verdadeira urgência global”, concluiu.
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