Durante o voto da ministra Cármen Lúcia no julgamento da Ação Penal 2668 — que trata sobre a trama golpista —, o ministro Alexandre de Moraes fez uma intervenção em que reforçou o entendimento sobre a existência de uma organização criminosa por trás dos ataques de 8 de janeiro de 2023. Ele lembrou que não se tratou de um ato isolado ou espontâneo, mas de uma articulação sofisticada com uso de estruturas estatais. “Não foi um domingo no parque, não foi um passeio na Disney. Foi uma tentativa de golpe de Estado, organizada e planejada”, afirmou.
Moraes frisou que a atuação do grupo envolveu núcleos distintos, incluindo integrantes das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, além de estruturas do governo federal, como o GSI e o Ministério da Justiça. Ele destacou que as instituições não estavam sob julgamento, mas sim pessoas que, valendo-se de seus cargos, atuaram em prol de um objetivo golpista. “Essa organização criminosa, liderada por Jair Messias Bolsonaro, tentou simplesmente se apoderar do Estado”, disse.
Segundo o ministro, a finalidade era clara: deslegitimar as urnas, desacreditar a Justiça Eleitoral, colocar a população contra o Judiciário e, ao mesmo tempo, viabilizar a perpetuação no poder. Para isso, acrescentou, o grupo não hesitou em planejar graves atos de violência, com uso de armas e ameaças. “Se para isso precisasse matar um ministro do Supremo, envenenar um presidente da República ou praticar peculato, eles estavam dispostos. Essa é a lógica de uma organização criminosa”, declarou.
Ao concluir sua manifestação, Moraes ressaltou que há provas fartas nos autos sobre a liderança de Bolsonaro e o papel de seus aliados mais próximos. Para ele, a tentativa de ruptura institucional seguiu uma linha contínua desde 2021 até culminar nos ataques de janeiro de 2023. “Houve um nexo causal inequívoco entre o discurso de deslegitimação da democracia e a consumação dos crimes. A intenção sempre foi a mesma: manter Bolsonaro no poder a qualquer custo”, afirmou.
