Ante a possibilidade de ser impedido de entrar nos Estados Unidos como integrante da comitiva brasileira que participará da abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, no dia 23, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou, ontem, que não está nem um pouco preocupado caso o visto não lhe seja concedido. "Esse negócio do visto é igual aquela música, 'Tô nem aí', sabe? Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Tô nem aí. Eu acho que só fica preocupado quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos", garantiu, na coletiva em que apresentou cronograma de emissão do novo Cartão Nacional de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) com base no CPF do beneficiário.
"Só fica preocupado com visto quem quer sair do Brasil ou quem quer ir para lá pra fazer lobby de traição da pátria, como alguns tão fazendo. Não é o meu interesse. Então, tô nem aí com relação a isso", reforçou, aproveitando para alfinetar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde o início do ano fazendo campanha em prejuízo do Brasil junto ao governo do presidente Donald Trump.
Segundo Padilha, ele recebeu convites para participar da sessão de ministros da saúde do mundo todo, da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, e do encontro da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Washington. O ministro entrou na mira do governo dos EUA depois que a mulher e a filha de 10 anos tiveram as permissões para pisar em solo norte-americano canceladas — uma retaliação do Departamento de Estado norte-americano por conta do programa Mais Médicos, que, segundo o governo Trump, teria ajudado a "enriquecer" o governo de Cuba.
Mas, além do problema com o visto, ele dá outro motivo para no ir aos EUA na comitiva de Lula. "Não decidi ainda se vou estar ou não (nos eventos em Nova York e em Washington) porque minha dedicação é acompanhar a votação no Congresso da medida provisória do Agora Tem Especialista", frisou.
Lewandowski recebe
Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, recebeu ontem o visto diplomático participar da comitiva brasileira. Ele foi avisado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) de que a permissão fora concedida pelo Departamento de Estado. Até segunda-feira, era um dos nomes da lista de pendências.
A delegação brasileira ainda não se formou por completo e a ONU considera o caso "preocupante". O governo dos EUA cancelara um visto pessoal — usado para viagens em geral — do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), mas o governo de Washington nunca chegou a oficializar a decisão.
Nos canais diplomáticos, comenta-se que o governo dos EUA estaria atrasando a entrega dos vistos para enfraquecer as delegações de países que o governo Trump considera adversários — como é o caso do Brasil, depois da imposição do tarifaço às exportações brasileiras — ou inimigas — tal como aconteceu com o do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e mais de 80 outras autoridades palestinas, por conta do alinhamento incondicional de Washington com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
