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"Vamos ter, com certeza, culpados presos", diz senadora sobre CPMI

Leila Barros, integrante da comissão que investiga desvios no INSS, afirma que, até o fim dos trabalhos, envolvidos nas fraudes vão para a cadeia. Segundo ela, as atividades avançarão, apesar do "clima de Fla x Flu" na comissão

Leila Barros comentou sobre o clima na CPMI:
Leila Barros comentou sobre o clima na CPMI: "A tendência é de piorar em termos de agressividade e de confrontos" - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Integrante da CPMI do INSS, a senadora Leila Barros (PDT-DF) se disse confiante de que, até o fim dos trabalhos, envolvidos nas fraudes vão para a cadeia. "O objetivo geral é punir os culpados e resgatar o que for possível dos recursos roubados", ressaltou, em entrevista aos jornalistas Adriana Bernardes e Marcelo Agner, no programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília. "Para além da investigação da CPMI, a gente tem uma investigação na Polícia Federal, que certamente virá à tona. Vamos ter, com certeza, culpados presos", reiterou.

A senadora reconheceu, porém, o desafio de levar à frente uma investigação em meio ao "clima de Fla x Flu" que domina a comissão, com guerra de narrativas, turbinada pela proximidade das eleições. "A tendência é de piorar em termos de agressividade e de confrontos", disse.

Com pouco mais de dois anos de mandato pela frente, Leila admitiu o interesse em ocupar o Palácio do Buriti. "Quero muito governar Brasília, mas acredito que, pelo trabalho realizado, cabe-me muito defender esse trabalho e buscar a reeleição", afirmou.

A parlamentar também comentou sobre flexibilizações na Lei da Ficha Limpa, que podem viabilizar o retorno, por exemplo, do ex-governador José Roberto Arruda, hoje inelegível. "O último hospital que nós tivemos construído no DF foi o de Santa Maria, no governo Arruda. A implementação do metrô, que a gente espera a ampliação das linhas e até hoje não saiu do papel, foi dele. Existe no imaginário da população essa eficiência do governo Arruda", disse. 

As sessões da CPMI do INSS têm sido tensas. Inclusive, houve um desentendimento entre a senhora e outra parlamentar. Qual é a sua expectativa para o decorrer dos trabalhos?

A gente tem vivido um clima de Fla x Flu dentro da CPMI. E, é claro, tive uma indisposição com a parlamentar. Não fico feliz, até porque é mulher. Isso mostra um pouquinho do que ainda está por vir dentro da CPMI, uma guerra de narrativas, faltando um ano para a eleição. Então, é natural que os nervos aflorem, até porque a tentativa de todos nós ali, pelo menos da minha parte, é fazer justiça a aposentados e pensionistas. A tendência é de piorar em termos de agressividade e de confrontos.

Como é possível controlar o embate de forças políticas na CPMI para investigar corretamente o escândalo?

Isso vai partir do bom senso de cada parlamentar. Eu, particularmente, não estou ali para agredir ninguém. Quero dar luz à verdade. Certamente tem muita gente dentro daquela CPMI — é muito claro para quem acompanha — que está fazendo daquilo ali um palanque. Muita gritaria, uma exposição desnecessária. A maioria deles vai utilizar aquilo como palanque político. Mas tenho certeza de que há parlamentares que estão querendo fazer um bom trabalho, fazer justiça e recuperar esses recursos.

Em que a comissão tenta avançar?

Ninguém tem dúvida de que é uma fraude histórica. Não é deste governo, não é do primeiro governo Lula, é um processo que vem se arrastando e que a gente sabe que existe uma falha sistêmica no próprio processo de estruturação, de fiscalização, de acompanhamento, além da questão da omissão. Apesar das falhas estruturantes, existe um processo dentro da própria investigação que nenhum de nós tem dúvidas de que governos foram alertados, ministros foram avisados, secretários foram avisados. De alguma forma, não se atentaram ou não buscaram entender, de fato, o que estava acontecendo dentro do próprio INSS, dentro do próprio ministério. Isso a gente só vai ter a real dimensão do escândalo com a investigação.

Avalia que, até o fim desta CPMI, pessoas serão presas?

Eu espero. O que eu tenho ouvido é que isso é o objetivo geral: de punir os culpados e resgatar o que for possível em termos de recursos que foram roubados, para que eles voltem aos cofres públicos. Tenho, sim, uma expectativa. E, para além da investigação da CPMI, a gente tem uma investigação na Polícia Federal, que certamente virá à tona. Vamos ter, com certeza, culpados presos.

Como está sendo a integração da CPMI com a Polícia Federal e o STF?

Poderia estar avançando mais. A gente tem uma relação muito boa com a Polícia Federal, mas com o Supremo, ainda não. A gente tem tentado avançar nessa relação, nas buscas de informação, nas decisões que são dadas, principalmente com relação aos habeas corpus. Independentemente disso, tenho certeza de que, no desenrolar e com o apoio da própria mídia, a gente vai conseguir melhorar e se aproximar ainda mais de todos que estão envolvidos nessa investigação.

Em 2027, a senhora encerra seu mandato de oito anos. Tem em vista governo do DF, reeleição?

Obviamente que a gente tem um plano de trabalhar uma reeleição, mas, mais do que isso, finalizar o mandato, entregando todo o nosso trabalho. Eu quero muito governar Brasília, mas acredito que, dentro desse cenário, pelo trabalho realizado, pelos sete anos que estou no Senado, cabe-me muito defender esse trabalho e buscar a reeleição.

O partido da senhora deve caminhar com o presidente Lula na reeleição. E, no DF, há candidatos e pré-candidatos colocados, como o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, e Leandro Grass. Acredita numa união de forças contra, possivelmente, a vice-governadora Celina Leão?

Tenho certeza de que ambos sabem que tem de prevalecer, nessa construção, o objetivo maior, que é focar no bem-estar da população do Distrito Federal e buscar realmente uma aliança ampla. Sabemos que, hoje, esse campo democrático, mais o centro, precisa, de alguma forma, buscar essas alianças. E ela só vai ser possível se ambos sentarem à mesa para fazer esse diálogo. Não só ambos, mas os dois partidos, o PT e o PSB, no caso. Tenho a expectativa de que o bom senso prevaleça e que a gente possa, numa ampla frente, fazer jus a essa expectativa de vir forte nessa eleição, unidos, para buscar o melhor governo para o Distrito Federal.

O presidente Lula vetou trechos do projeto que muda a Lei da Ficha Limpa, entre os quais, o que reduzia o intervalo mínimo para fichas sujas se colocarem de novo como candidatos. Avalia que o Congresso pode derrubar esse veto, trazendo a possibilidade de nomes como o ex-governador José Roberto Arruda entrar nessa disputa?

Na minha cabeça, há um ano, quando a gente tratava dessa questão de mexer na Lei da Ficha Limpa, eu achava praticamente impossível que se tornasse prioridade na pauta do Congresso. Ela aconteceu, e foi aprovada. Então, não posso dizer que o Congresso pode manter ou derrubar, tudo é possível. No Senado, a mexida nessa lei teve 50 votos a favor. Para você ver como existe uma expectativa em torno da volta dessas figuras ao cenário político, porque não estamos falando só do Arruda. Estamos falando de outras figuras em nível nacional. O próprio ex-governador Garotinho, no Rio de Janeiro, e a outras. Existe um interesse de forças políticas de que esses personagens retornem ao cenário. E em Brasília não é diferente. Vocês podem buscar até pela própria votação que teve da bancada federal.

Como seria o cenário com a eventual volta de Arruda à disputa?

É um xadrez que se torna complexo com a volta dele, até porque o perfil do Arruda é mais centro. Ele pode ser, de alguma forma, importante para ambos os polos. E foi governador. O último hospital que nós tivemos construído no Distrito Federal foi o de Santa Maria, no governo Arruda. A implementação do metrô, que a gente espera a ampliação das linhas e até hoje não saiu do papel, foi dele. Existe no imaginário da população essa eficiência do governo Arruda com relação à gestão. Como falei, há forças políticas que querem o retorno desses personagens.

Assim como querem a anistia?

Assim como querem anistia, como foi a PEC da Blindagem, colocando os políticos acima da lei. Obviamente, um absurdo aquilo, que nos envergonha. Mas passou na Câmara, e claro que o Senado teve o bom senso de engavetar. Então, a gente vive uma absoluta inconstância e uma imprevisibilidade dentro do cenário político.

A Comissão Mista de Orçamento do Congresso aprovou um fundão eleitoral de R$ 4,9 bilhões para o ano que vem. A senhora acredita que vai avançar?

Pode avançar, porque existem inúmeros interesses, mas, desta senadora, não terá voto e apoio.

*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa

 

 

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LC
postado em 02/10/2025 03:55
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