
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), admitiu nesta quinta-feira (16/10) que a indefinição em torno do PL do licenciamento ambiental, apelidado pela base governista de "PL da devastação", pode trazer impacto negativo para o Brasil às vésperas da Conferência do Clima (COP). A declaração veio após o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), cancelar a sessão conjunta que votaria vetos e a LDO, movimentando os bastidores políticos em Brasília.
“Estamos a menos de um mês da COP. Tudo terá impacto lá. Se o Congresso derrubasse a maioria dos vetos do presidente, haveria reflexo — não só para o governo, mas para o país, que vai sediar o evento”, afirmou Wagner, ao ser questionado sobre a MP editada pelo governo para recolocar trechos vetados do projeto de licenciamento ambiental.
O senador destacou que o Executivo precisa garantir a aprovação da medida dentro do prazo legal, sob risco de perder um instrumento essencial de política ambiental. Ele lembrou que o senador Eduardo Braga (MDB-AM) já havia alertado para a importância de evitar que o PL “caducasse”, o que deixaria o governo em situação desconfortável com ambientalistas e com a comunidade internacional.
Questionado se o adiamento da sessão seria uma forma de pressão sobre o governo — uma espécie de recado de Alcolumbre para acelerar a tramitação do projeto —, Wagner foi cauteloso “Não sei se houve esse papo. Isso deve ter sido decidido ontem à noite. Eu já estava sonhado”, disse, em tom descontraído.
O senador também reconheceu que o cronograma legislativo está apertado, com feriados nas próximas semanas e uma pauta cheia no Congresso. “O projeto do Imposto de Renda, para mim, é prioridade”, completou.
Na outra ponta, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou ao Correio que também foi surpreendido pela decisão de Alcolumbre. Segundo ele, o presidente do Congresso havia sinalizado, na véspera, que pretendia votar os vetos.
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“Ontem ele falou comigo que queria derrubar os vetos porque tinha interesse do estado dele em jogo. Agora, só ele pode responder o que aconteceu — se os interesses do Amapá ficaram em segundo plano”, disse o parlamentar.
Nos bastidores, a avaliação é de que o cancelamento da sessão acabou dando fôlego ao governo, que ainda busca uma saída negociada para evitar a derrubada dos vetos ambientais e garantir a aprovação da MP 1308.

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