MARCHA DAS MULHERES NEGRAS

"A revolução precisa ser através de nós", diz Anielle Franco

Presente na sessão solene em homenagem à Marcha das Mulheres Negras, a ministra da Igualdade Racial destaca desafios de sobrevivência e a urgência de políticas públicas que enxerguem a população negra

Marcha serve para mostrar ao Brasil inteiro, à sociedade e ao mundo que as mulheres negras chegaram e vão seguir chegando, diz Anielle -  (crédito: Danandra Rocha/CB/DA.Press)
Marcha serve para mostrar ao Brasil inteiro, à sociedade e ao mundo que as mulheres negras chegaram e vão seguir chegando, diz Anielle - (crédito: Danandra Rocha/CB/DA.Press)

Presente na sessão solene na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (25/11), a ministra da lgualdade Racial, Anielle Franco, conversou com o Correio sobre a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que toma as ruas de Brasília nesta terça-feira (25/11), 10 anos após a histórica mobilização de 2015.

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Anielle expressou emoção ao comentar a importância do evento: “Enorme, imensurável o tamanho do que está acontecendo aqui hoje. Histórico. Há 10 anos, a gente marchava, e hoje parece que a gente segue marchando pelos mesmos motivos, pelas mesmas lutas, mas, como sempre, organizadas. Estar realizando essa Marcha das Mulheres Negras Nacional em Brasília, com tanta gente que veio antes de nós, como Benedita, Sueli, Conceição, Olivia. Tem muita gente que já faz essa luta acontecer há muito tempo. E hoje a gente está concretizando isso”.
“Representa mais um sonho, mais um passo dado, para mostrar que as mulheres negras, além de sermos a maioria da população brasileira, a gente já está organizada para fazer essa revolução acontecer, porque vai ter que ser e precisa ser através de nós”, emendou.

Questionada sobre os maiores desafios enfrentados por mulheres negras nas esferas de poder, a ministra relembrou casos emblemáticos como o da irmã, Marielle Franco, e de Mãe Bernadette, que se tornaram símbolos de uma urgência nacional: garantir que mulheres negras possam existir, participar e liderar sem precisarem sobreviver à própria política.

“O principal é se manter viva, né? Acho que esse é o principal de todos. Coisa que muitas mulheres não passam no nosso país, mas infelizmente as mulheres negras estão ali, no topo de tudo que é violência, de assédio, enfim, dos assassinatos, dos feminicídios políticos, como foi o de Marielle, como foi o de Mãe Bernadette. Acho que o maior desafio da gente, em primeiro lugar, é se manter viva. Depois é que a gente tem a oportunidade de ir de igual para igual com todo mundo, é isso que a gente luta há muito tempo. O bem viver da gente passa a partir daí, do se manter viva, do ter essas dignidades, essas oportunidades. É por isso que a gente marcha, luta e vai seguir sempre.”

Sobre a expectativa desta edição da marcha, Anielle disse que deseja “que as pessoas de fato nos escutem, nos vejam”.

“É muito fácil para a sociedade brasileira desumanizar as mulheres negras, a população negra desse país. Mas a expectativa é que a gente saia daqui com as nossas políticas públicas concretas sendo ouvidas. Que a gente saia daqui com o Brasil inteiro, com a sociedade e com o mundo entendendo que as mulheres negras chegaram e vão seguir chegando.”

 

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postado em 25/11/2025 11:33 / atualizado em 25/11/2025 11:35
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