Intervenção estrangeira

'Não quero que chegue a uma invasão', diz Lula sobre EUA e Venezuela

Presidente afirmou que o Brasil vai levar o tema à Cúpula da Celac, realizada nos dias 9 e 10 de novembro, na Colômbia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta terça-feira (4/11) que não quer que o conflito entre Estados Unidos e Venezuela "chegue a uma invasão terrestre". Ele afirmou ainda que o Brasil colocará o tema em discussão durante cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizada na próxima semana, na Colômbia.

O chefe do Executivo disse ainda que os Estados Unidos poderiam estar ajudando os países da América Latina a combater o crime organizado, em vez de atacar militarmente barcos na costa da Venezuela.

"Eu não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre. Eu disse ao presidente Trump que um problema político a gente não resolve com armas. A gente resolve com diálogo. Se está faltando diálogo, eu me coloquei à disposição", disse Lula em entrevista a agências estrangeiras de notícias, em Belém. A conversa ocorreu pela manhã.

"Nós não desejamos, nós não queremos conflito na América do Sul. O único conflito que nós queremos é o verbal, que não machuca nem tira vidas, não derruba ponte, não destrói ferrovia, não destrói casa. E também não machuca", acrescentou o petista.

Os Estados Unidos enviaram navios de guerra para a costa da Venezuela, sob o pretexto de combater traficantes de drogas que entram em território americano pelo mar. Até o momento, 14 barcos supostamente do tráfico foram atacados pelas forças americanas, deixando 61 mortos.

Porém, há um temor na região que a ofensiva escale para ataques terrestres em território venezuelano, em uma tentativa de depor o regime de Nicolás Maduro. O conflito poderia desestabilizar a região. Trump autorizou a CIA, por exemplo, a realizar ataques com o objetivo de enfraquecer Maduro.

Discussão na Celac

Lula vem demonstrando preocupação com o cenário, e criticado a interferência americana no continente. O Brasil levará o tema à Cúpula da Celac, realizada nos dias 9 e 10 de novembro na Colômbia. O petista, porém, não deve participar, já que tem compromissos marcados em Fernando de Noronha, com a inauguração do novo sistema de energia solar na ilha.

"Nós vamos tentar, na Celac, discutir essa questão da Venezuela, a questão da participação das forças armadas americanas nos mares do Caribe. Não é necessário. Ou seja, a polícia tem todo o direito de fazer o combate ao narcotráfico. Tem todo o direito e responsabilidade de fazer, e os americanos poderiam estar tentando ajudar esses países, não tentando ficar atirando contra esses países", frisou Lula.

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