O senador Beto Faro (PT-PA) disse nesta sexta-feira (7/11) que o Brasil chega à conferência do clima com resultados concretos no combate ao desmatamento e na reconstrução da política ambiental, já que "o país tem feito o dever de casa". Mas fez um alerta, afirmando ser "a hora de cobrar dos mais ricos a responsabilidade que lhes cabe".
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Relator da subcomissão do Senado que acompanhou, por dois anos, os preparativos para a COP30, Faro destacou o papel do Pará na agenda ambiental. “Mesmo diante de críticas sobre infraestrutura, o estado se preparou e está pronto para receber o mundo”, declarou.
Segundo o parlamentar, o Brasil reverteu o desmonte ambiental promovido no governo anterior. “Durante o governo Bolsonaro, houve uma política deliberada de destruição — o próprio ex-presidente chamou de ‘deixar a boiada passar’. Hoje, o desmatamento cai ano após ano, e órgãos como o Ibama voltaram a ter recursos e autoridade”, afirmou.
Faro, porém, advertiu que a composição atual do Senado é desfavorável à pauta ambiental. "Há uma tendência de afrouxar leis e flexibilizar compromissos. Precisamos de um Congresso mais comprometido com o futuro climático do planeta".
Para o senador, a pauta ambiental precisa ser traduzida em linguagem cotidiana para conquistar apoio popular. “O meio ambiente não é um tema distante. Ele afeta a saúde, a economia, o preço dos alimentos. Belém foi a segunda capital mais quente do país em 2024. Isso é reflexo direto das mudanças climáticas”, pontuou.
Faro defendeu ainda que comunicação e educação são essenciais para fortalecer a consciência coletiva. "As mudanças climáticas não são casuais; são consequência direta da forma como tratamos a natureza. É fundamental dialogar nas escolas e nas comunidades, porque a COP não é apenas um palco de acordos diplomáticos, é um chamado à responsabilidade de todos."
O parlamentar paraense também alertou para o papel da desinformação, que classificou como “o novo desmatamento”. “Fake news e grupos organizados atuam a serviço de potências que resistem em assumir compromissos sérios de preservação. É o novo desmatamento — o da verdade.”
Questionado sobre a transição energética, o senador disse que o Brasil “está se preparando”, mas ressaltou que o avanço depende de financiamento climático efetivo e cooperação internacional. “A Noruega, mesmo usando ainda o petróleo, tem contribuído com o financiamento climático. Já os Estados Unidos e a China, que respondem por 40% das emissões de gases do mundo, não estão presentes”, observou.
