A menos de quatro meses da janela para troca de partido a fim de disputar as eleições de 2026, o PSD de Gilberto Kassab, o MDB presidido por Baleia Rossi e o Republicanos de Marcos Pereira despontam como as grandes apostas para crescimento em número de filiados. O PSD, que levou dois governadores — Raquel Lyra, de Pernambuco, e Eduardo leite, do Rio Grande do Sul — este ano, agora se prepara para receber mais deputados federais e estaduais. A vantagem é que o partido não tem o radicalismo que os Bolsonaro impõem ao PL nem a determinação de sair do governo de imediato, exigência do PP e do União Brasil, que ainda não estão oficialmente federados, mas já trabalham como tal.
Em alguns casos, as mudanças já começaram. O deputado estadual Paulo César Martins, de Goiás, anunciou que deixará o PL rumo ao MDB de Daniel Vilela. Até aqui, o PL já perdeu uma grande parcela dos 26 prefeitos que elegeu no ano passado por lá. O sentimento de muitos políticos é de que o eleitor não está mais tão afeito a radicalismos como esteve quando Jair Bolsonaro não tinha se tornado inelegível até 2030, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
E as indefinições em alguns estados levam o candidato a buscar um porto mais seguro para ancorar uma candidatura em 2026. É o caso, por exemplo, da deputada federal Carolina de Toni (PL-SC), pré-candidata ao Senado, em negociação com outras legendas para poder concorrer, porque a vaga que seria dela no partido está reservada para Carlos Bolsonaro, atualmente vereador do Rio de Janeiro.
Se no PL há um risco de migração, no PP e no União Brasil não está muito diferente. Isso porque a federação não é considerada interessante para as duas legendasa na maioria das unidades da Federação. O presidente da Frente da Agropecuária, deputado Pedro Lupion (PR), por exemplo, saiu do PP e seguiu para o Republicanos, de onde pretende continuar como parte do grupo do governador Ratinho Júnior (PSD).
Aliás, o chefe do Poder Executivo paranaense tem sido um polo de atração de parlamentares ao PSD e outras legendas que podem apoiá-lo — caso do Republicanos no estado. O próprio governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já comentou que se for candidato a reeleição, tende a apoiar a candidatura de Ratinho ao Palácio do Planalto. O que se diz no entorno do governador paulista é que a fidelidade dele é a Bolsonaro e que essa gratidão dificilmente se estende aos filhos, se um deles for lançado candidato ao Planalto — caso o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) seja considerado culpado na ação, no Supremo Tribunal Federal (STF), por coação no curso do processo para livrar o pai da condenação por tentativa de golpe de Estado, será enquadrado na Lei da Ficha Limpa, pois foi julgado e derrotado em um colegiado do Judiciário; assim, a escolha do clã poderia recair sobre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Indefinição
Até aqui, os filhos do ex-presidente não têm os mesmos planos rumo a 2026. Enquanto Flávio desponta como aquele que se coloca num cenário como aliado de Tarcísio — e como um nome, inclusive, para candidato a vice —, Eduardo tem atacado o governador. Em recente entrevista à Jovem Pan News, foi enfático ao dizer que há candidato melhor do que o atual inquilino do Palácio dos Bandeirantes.
Eduardo rechaça a candidatura de Tarcísio porque está convencido de que um nome Bolsonaro na urna é a continuidade do bolsonarismo. Outro que não tenha o sobrenome do ex-presidente não daria à família a mesma influência num futuro governo conservador. Bolsonaro, porém, ainda não decidiu o que prefere. E não pretende tomar essa decisão nos próximos dias. A ideia é esperar a virada do ano.
A demora, entretanto, não é o que deseja o grupo mais entusiasmado com uma candidatura de Tarcísio contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador, se for concorrer ao Planalto, precisará deixar o governo em abril. O problema é que os nomes à Presidência da República só serão oficializados nas convenções de julho, o que deixa um vácuo de dois meses, em que Bolsonaro, pressionado por Eduardo, pode simplesmente mudar de ideia e apresentar um outro representante.
Caso seja candidato ao Planalto, Tarcísio precisa organizar, até o carnaval, o futuro de sua política em São Paulo, de forma a ter um sucessor que possa ajudá-lo na corrida presidencial. Até aqui, nenhum dos que disputaram a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes tiveram sucesso num voo rumo ao goerno federal — como são os casos de José Serra e de João Doria, que não conseguiram alcançar o Planalto. Doria, por sinal, retirou a pré-candidatura pelo PSDB em maio de 2022.
Nos próximos dias, o governador de São Paulo deve fazer uma visita a Bolsonaro, assim como o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), pré-candidato ao Senado por São Paulo, mas ninguém espera que se apresente uma decisão antes do Natal. Em meio a essa indefinição, o risco de o PL perder musculatura cresce. Muita gente receia que o ex-presidente acabe lançando um dos filhos e, por isso, busca o caminho do meio para, seja quem for o futuro presidente, haja uma trilha de sobrevivência.
Se na esquerda é certo que Lula buscará a reeleição — ele mesmo já se apresentou como representante do espectro político —, à direita todos aguardam o que fará Tarcísio e o que decidirá Bolsonaro.
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