
Uma manifestação realizada neste domingo (14/12), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo estimativa inicial da Polícia Militar, em protesto contra o Projeto de Lei da Dosimetria, que prevê penas mais brandas para condenados por tentativa de golpe de Estado. O ato ocorreu de forma pacífica e sem registro de intercorrências.
Convocado por partidos e movimentos de esquerda, o protesto integra uma mobilização nacional realizada em diversas capitais ao longo do fim de semana. Além da rejeição ao PL da Dosimetria — apontado pelos organizadores como uma tentativa de abrir caminho para a anistia de envolvidos nos ataques à democracia, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — os manifestantes também levantaram pautas como o fim da escala de trabalho 6×1 e a defesa dos direitos trabalhistas, além de críticas ao marco temporal.
- Leia também: Motta e uma crise que há meses se desenha
Embora o nome de Bolsonaro tenha aparecido em palavras de ordem, o principal alvo das manifestações foi o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Cartazes e faixas com frases como “Congresso inimigo do povo”, “Fora Hugo Motta” e “Sem anistia” dominaram o ato. Motta foi chamado por manifestantes de “filhote de Lira”, em referência ao ex-presidente da Câmara Arthur Lira, numa crítica à continuidade da condução política da Casa.
Durante a manifestação, o deputado distrital Fábio Félix discursou para os participantes e destacou a importância da mobilização popular como fator decisivo para evitar acordos políticos que, segundo ele, possam resultar na impunidade de envolvidos em crimes contra a democracia.
“Tenho muito orgulho de estar na rua hoje contra a Anistia. Esse foi um ano de muitos desafios que nós vivemos, mas nós fizemos uma mudança que foi fundamental, que é a população se organizar na rua. É muito importante o governo, é muito importante as instituições, foi muito importante o papel do STF contra o golpe, mas o decisivo para que não tenha um acordo nacional para livrar Bolsonaro e a extrema direita da cadeia e da punição necessária. É povo na rua. A população precisa estar na rua. Esse é o processo decisivo”, afirmou.
No discurso, o parlamentar também ressaltou o caráter inédito das punições impostas aos responsáveis pela tentativa de golpe e alertou para o risco de retrocessos. “Nós vivemos pessoas que tentaram dar um golpe de estado e agora estão pagando preço, o preço na cadeia pelo golpe de estado. E a gente não pode deixar isso acabar em Anistia e em pizza. Quando o centrão e a extrema direita se reúnem no Congresso Nacional, é contra o povo”, disse.
Fábio Félix ampliou as críticas ao Congresso e defendeu a renovação política como caminho para mudanças estruturais. “Se a gente fala hoje que o Congresso é inimigo do povo, amanhã a gente tem que saber transformar o Congresso Nacional e votar em gente que vai defender as nossas faltas. A gente não quer anistia, a gente não quer PL da bandidagem, a gente quer o fim da escala 6 por 1. A gente quer direito dos trabalhadores, a gente quer um Congresso Nacional que tenha coragem de aprovar uma legislação a favor da comunidade LGBT brasileira.”
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Ao encerrar sua fala, o deputado também mencionou a necessidade de investigações no Distrito Federal, citando o caso do BRB Master. “É preciso uma apuração rigorosa de um dos maiores escândalos de corrupção dessa cidade e do país, que é a questão do BRB Master. A gente não vai deixar barato. É preciso que eles paguem o que fizeram com dinheiro da população do Distrito Federal. Sem anistia, Bolsonaro tem que continuar na cadeia.”

Política
Cidades DF
Política