
Condenado na trama golpista, Silvinei Vasques, preso no Paraguai nesta sexta-feira (26/12), foi diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo Bolsonaro e, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), fazia parte do "núcleo de gerência" do plano de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Segundo a denúncia, Silvinei Vasques, Marília Alencar e Fernando de Sousa Oliveira usaram a PRF e a estrutura do Ministério da Justiça para beneficiar Bolsonaro nas eleições de 2022. Eles teriam requisitado relatórios de inteligência para montar operações que dificultassem o voto de eleitores do Nordeste, reduto histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sob a liderança de Vasques, a PRF realizou 4.591 fiscalizações em todo o Brasil entre 28 e 30 de outubro. Só no Nordeste, 2.185 ônibus foram fiscalizados em estradas da região — mais que o dobro das ações de mesmo teor registradas no Centro-Oeste (893), quatro vezes mais que o número de blitz realizadas no Sudeste e sete vezes mais do que no Norte do país.
Em seu voto, o ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou que, sob o comando de Silvinei Vasques, a PRF "cruzou os braços" diante dos bloqueios em rodovias federais organizados por apoiadores de Bolsonaro após o resultado das eleições. "Total inércia, uma inércia criminosa."
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Durante as eleições de 2022, o policial usou a conta para defender o voto em Bolsonaro. A publicação, em formato de story, mostrava uma foto da bandeira do Brasil com o texto: "Vote 22, Bolsonaro presidente". A postagem foi apagada horas depois. Ele foi condenado em 2024 por usar o cargo para fazer campanha para o ex-presidente nas eleições de 2022 e terá de pagar uma multa de R$ 546.631,92.
Em janeiro deste ano, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José, na região metropolitana de Florianópolis (SC). Na semana passada, pediu demissão após ser condenado pelo STF na trama golpista.
Na PRF, de 1995 a 2022, exerceu funções como a de superintendente em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, vindo a se tornar diretor-geral em 2021, na gestão Bolsonaro.
Em dezembro de 2022, foi exonerado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Três dias depois, Vasques se aposentou. Ele recebeu salário líquido de R$ 13,9 mil até outubro deste ano, segundo o Portal da Transparência.
Segundo a PRF, Vasques é graduado em ciências econômicas, direito, administração de empresas e segurança pública. É especializado em gestão organizacional, mestre em administração e doutor em direito. Além disso, é especializado em grandes operações policiais e cursou a Escola da SWAT, nos Estados Unidos.
Vasques também já foi acusado de participar de um esquema de cobrança de propina de empresas de guincho de automóveis que atuavam nas BRs 101 e 280, em Santa Catarina, no fim dos anos 1990. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi baseada em depoimentos e em extratos bancários obtidos com quebras de sigilo. O caso, entretanto, prescreveu, sem que o mérito tivesse sido apreciado pela Justiça.

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