
Preso após tentar deixar o país com documentos falsos, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques chegou a Brasília ontem sob escolta da Polícia Federal (PF). Ele foi transferido de Foz do Iguaçu (PR) para a capital federal em uma aeronave oficial, após ter sido detido na sexta-feira (26) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, no Paraguai, quando tentava embarcar para El Salvador.
A viagem teve início às 9h20, com decolagem às 10h20, e durou cerca de 2 horas e 52 minutos. O pouso ocorreu por volta das 13h11, em frente ao hangar da Polícia Federal, em Brasília. A chegada foi marcada por forte esquema de segurança e movimentação discreta. Assim que os motores da aeronave foram desligados, seis agentes da PF se aproximaram do avião. Vasques desceu, entrou diretamente no hangar e, sem falar com a imprensa, foi conduzido em uma viatura oficial para as dependências da corporação na capital.
Inicialmente, estava previsto que o ex-diretor da PRF passasse por exame de corpo de delito no Instituto Nacional de Criminalística por volta das 13h. No entanto, devido ao atraso no deslocamento, o procedimento foi remarcado para mais tarde. Antes da transferência, Vasques passou a noite de sexta-feira na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu.
Segundo a investigação, ele teria rompido a tornozeleira eletrônica em Santa Catarina e seguido de carro até o Paraguai, onde acabou interceptado. A Polícia Federal informou que, na madrugada de quinta-feira (25/12), o equipamento de monitoramento ficou sem sinal de GPS e GPRS, possivelmente por término da bateria. Diante da falha, equipes realizaram diligências no endereço residencial de Vasques, em São José (SC), mas não o encontraram, tampouco localizaram o veículo inicialmente cadastrado em seu nome.
No mesmo dia da prisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão preventiva de Silvinei Vasques. A decisão ocorre no contexto de sua condenação a 24 anos e seis meses de prisão, sob a acusação de ter ordenado operações policiais no Nordeste para dificultar o deslocamento de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o segundo turno das eleições de 2022.
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Neste sábado, a defesa do ex-diretor encaminhou petição ao STF solicitando que ele não seja mantido em presídio comum. Os advogados sustentam que o fato de Vasques ter integrado a Polícia Militar de Santa Catarina configura "elemento concreto de avaliação de risco", uma vez que ex-agentes de segurança pública estariam mais expostos a ameaças em unidades prisionais convencionais — entendimento que, segundo a defesa, já foi reconhecido pelo próprio Supremo em decisões anteriores.
O pedido também menciona que, durante o período em que Silvinei Vasques esteve preso anteriormente na Penitenciária da Papuda, houve registros de assédio e ameaças, ainda que controlados pela administração penitenciária. Por isso, a defesa solicita que ele cumpra eventual custódia em Santa Catarina, onde reside, ou no 19 Batalhão da PMDF, conhecido como "Papudinha". É o mesmo local onde o ex-ministro Anderson Torres, também condenado pela trama golpista, cumpre pena.
"A definição do local de custódia, especialmente em sede de prisão cautelar, deve observar critérios estritamente técnicos e individualizados, compatíveis com a natureza instrumental da medida, que não se confunde com antecipação de pena nem se presta a finalidades simbólicas", argumentam os advogados no documento encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes.
Fuga e prisão
24/12
19h - Silvinei Vasques coloca bagagens em um veículo no condomínio onde mora em São José (SC). No carro, o ex-diretor da PRF também leva um pitbull e ração para cachorro. O réu deixa o prédio onde mora, ao volante, por volta de 19h22.
25/12
3h - Polícia Federal detecta falhas no sinal emitido pela tornozeleira eletrônica de Silvinei. Ao longo do dia, duas equipes policiais constatam que o apartamento do condenado está vazio.
26/12
O ministro Alexandre de Moraes decreta prisão preventiva do ex-diretor da PRF. No mesmo dia, Silvinei Marques é preso no Aeroporto de Assunção tentando embarcar para El Salvador. Ele utilizava um passaporte paraguaio, em nome de Julio Eduardo. Aos agentes da imigração, disse que tinha uma doença terminal e não podia ouvir nem falar.
20h - Polícia paraguaia conduz Silvinei Vasques até a Ponte da Amizade, na fronteira com o Brasil, e entrega o condenado à Polícia Federal.
27/12
Após passar a noite em Foz do Iguaçu (PR), Silvinei é transferido para Brasília. Ele desembarca na capital federal às 13h15. Após a audiência de custódia e exames, é encaminhado para o
Complexo da Papuda.

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