A tentativa do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques de deixar o Brasil se soma a uma série de episódios envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro que deixaram em meio a investigações, condenações e avanços de processos judiciais. Vasques foi preso nesta sexta-feira (26/12) no Paraguai após tentativa de fuga.
Vasques foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e 6 meses de prisão por integrar o Núcleo 2 na tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Casos semelhantes incluem o da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa desde junho na Itália e que aguarda extradição. Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Zambelli deixou o Brasil em maio. Antes de seguir para a Europa, passou pelos Estados Unidos. Detentora de cidadania italiana, Zambelli foi considerada foragida após a sentença.
No início do mês, o plenário da Câmara dos Deputados decidiu manter o mandato de Zambelli. A decisão, no entanto, foi derrubada pela Primeira Turma do STF, que considerou a medida inconstitucional. Dias depois, a própria deputada comunicou à Secretaria-Geral da Mesa da Câmara a renúncia ao mandato.
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão pelos crimes de invasão de sistemas e adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ela planejou e coordenou, com o auxílio do hacker Walter Delgatti, a invasão aos sistemas do CNJ no início de 2023, com o objetivo de desacreditar o Judiciário e incitar atos antidemocráticos.
Outro aliado de Bolsonaro que saiu do país é o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem. Condenado pela Primeira Turma do STF a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado, Ramagem está atualmente foragido nos Estados Unidos.
Na segunda-feira (22/12), o ministro Alexandre de Moraes determinou a retomada da ação penal contra Ramagem por crimes supostamente cometidos após sua diplomação como deputado federal, incluindo dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada após a declaração da perda do mandato parlamentar em razão da condenação. Moraes também marcou audiência de instrução para 5 de fevereiro de 2026, por videoconferência, para oitiva de testemunhas e interrogatório do réu.
O entorno familiar de Bolsonaro também registra episódios de evasão. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), terceiro filho do ex-presidente, perdeu o mandato por excesso de faltas, após se ausentar em 79% das sessões deliberativas da Câmara neste ano. Ele está nos Estados Unidos desde fevereiro e atualmente é réu no STF por coação, acusado de tentar articular sanções contra autoridades brasileiras durante sua permanência no exterior.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso em 22 de novembro, em operação da Polícia Federal, após decisão de Moraes que apontou indícios de tentativa de violação da tornozeleira eletrônica e risco de fuga. Relatórios da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal indicaram que o ex-presidente tentou abrir o equipamento, fato posteriormente confessado.
Prisão do ex-diretor da PRF
Silvinei Vasques foi preso na madrugada desta sexta-feira (26) pela polícia paraguaia no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, ao tentar embarcar em um voo com destino a El Salvador.
O ex-diretor da PRF violou a tornozeleira eletrônica que utilizava desde agosto de 2024, quando obteve liberdade após prisão preventiva. Ele é investigado por determinar a realização de blitzen ilegais durante as eleições de 2022, com o objetivo de dificultar o deslocamento de eleitores no Nordeste, região onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concentrava maior votação.
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Vasques deixou Santa Catarina com destino ao Paraguai sem autorização judicial. A Polícia Federal identificou o rompimento do dispositivo de monitoramento e acionou alertas nas fronteiras, além de comunicar a adidância brasileira no país vizinho.
No momento da abordagem, Silvinei portava um passaporte paraguaio original, que não continha seus dados pessoais. Ele foi detido ainda no aeroporto e encaminhado ao Ministério Público do Paraguai, que deve conduzir o processo de extradição ao Brasil.
*Com infomações da Agência Estado
