Especial

A crença no recomeço: histórias que falam sobre renascimento e esperança

Vivenciar uma situação traumática é um evento canônico para qualquer pessoa. No entanto, é necessário buscas formas de renascer e se reinventar, mesmo com as adversidades. A Páscoa, sobretudo, ensina como manter a esperança viva e acesa

 27/03/2024 Crédito: Kayo Magalhães/CB. Revista.  Jogador de Basquete. Na Foto Alan. -  (crédito:  Kayo Magalhães/CB)
27/03/2024 Crédito: Kayo Magalhães/CB. Revista. Jogador de Basquete. Na Foto Alan. - (crédito: Kayo Magalhães/CB)
postado em 31/03/2024 07:00 / atualizado em 31/03/2024 09:30

"Viver é um rasgar-se e remendar-se." A célebre frase do escritor e poeta Guimarães Rosa ilustra como a vida, de forma sucinta, obriga cada um a se reinventar em determinado momento. Recomeçar, quantas vezes for preciso, é uma experiência não solitária, encarada por muitas pessoas. Algumas delas, enquanto crianças, adultas ou idosas, precisam encontrar o seu lugar no mundo, especialmente após olharem de frente para um trauma. O que torna, porém, o caminho um pouco mais difícil. Renascer, para quem vivenciou uma tragédia, é recolher os cacos de si mesmo e tentar mais uma vez.

Neste domingo é comemorada a Páscoa. Para o calendário religioso cristão, a representação da vida e da ressurreição de Jesus Cristo. Data para recordar as dificuldades superadas, mantendo a chama da esperança acesa no coração. Trazendo esse conceito para a realidade, voltamos o olhar para aqueles que viveram uma situação traumática. Essas circunstâncias naturais, que fazem parte da jornada de muitos, podem impactar de inúmeras maneiras um indivíduo.

De acordo com Fábio Aurélio Leite, médico psiquiatra do Hospital Santa Lúcia Norte e membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria, o trauma pode ter repercussões de consequências variadas. "Por diversas razões, é muito difícil saber qual será a consequência em cada paciente, como a idade, o momento da estrutura mental e emocional que o indivíduo tem", complementa.

O lado profissional, pessoal e os relacionamentos interpessoais podem ser impactados em eventos pós-traumáticos, desencadeando algumas alterações e fazendo com que haja abertura para o surgimento de doenças como depressão e síndrome do pânico. "Percebemos que o mais importante é tentar fazer terapia para que se organize. Só algumas pessoas conseguem elaborar, outras têm mais dificuldade. Em certas situações, o trauma também pode provocar psicose ou abrir um quadro de bipolaridade, seja provocado pela morte de um parente, seja de uma pessoa muito querida. E existem várias maneiras de trabalhar e de tratar isso, cada uma do seu jeito."

De repente, tudo mudou

Estar naquela fase da infância que beira a adolescência e precede um período cheio de alegria e vigor. Quando crescia e tentava entender mais sobre si mesmo, Alan Sousa, 35 anos, foi acometido por uma tragédia. Enquanto brincava em um campo de futebol, onde soltava pipa e se divertia com amigos, sofreu uma tentativa de assalto. Uma quarta-feira de cinzas, em 28 de fevereiro de 2001, tudo mudou para sempre.

Isso porque durante a abordagem do criminoso, sem entender muito bem o que estava acontecendo, Alan acabou sendo baleado nas costas. "Desde os 12 anos, então, eu me tornei paraplégico, fazendo o uso da cadeira de rodas", relata. Depois do acidente, começou a fazer reabilitação no Hospital Sarah. Lá, teve o primeiro contato com vários esportes, que, de início, serviam somente para sua recuperação física e mental. Tênis de mesa e basquete para pessoas em cadeira de rodas foram as modalidades experimentadas, sem viés competitivo.

Mesmo assim, a semente foi plantada. E Alan sabia disso. A passagem na unidade hospitalar durou apenas um mês. Voltou para casa e permaneceu em ócio por um longo período. Sem praticar qualquer modalidade, ficou até os 16 anos sem saber como seguiria dali em diante. "Eu era uma criança normal, andava perfeitamente e tinha uma vida comum. De repente, estava preso em uma cadeira de rodas, só ficava em casa, ia para a escola e jogava videogame", lembra.

Outra chance para seguir em frente apareceu quando Alan recebeu um convite de colegas da escola em que estudava para jogar basquete. As aulas eram pela manhã, e os treinos na parte da tarde. A rotina, todavia, fez com que ele se cansasse e desistisse de novo. Terminou o ensino médio, conseguiu uma bolsa de estudos e entrou na faculdade de direito — tornou-se analista jurídico. Ainda nessa etapa, deu início à natação para se manter ativo e buscar um pouco de lazer.

Mais que destino

Por coincidência, descobriu que o treinador da natação também era técnico de basquete em cadeira de rodas. "Ele me convidou para treinar e eu, prontamente, recusei. Disse que estava fazendo faculdade e que estudava à noite. Mas a insistência foi grande e, em um dos semestres, não tinha aula às quartas-feiras. Pensei que poderia ir para conhecer, mesmo sabendo que não iria continuar, apenas para dar uma resposta ao professor", conta Alan.

Em meados de 2008, o que era certo de que não funcionaria tornou-se uma das maiores paixões para o analista jurídico. Uma lacuna preenchida, um espaço antes cinza voltou a ter cor. O basquete, de acordo com ele, trouxe sensações antes tidas somente na infância, quando o esporte favorito ainda era o futebol. Um ano depois de dar sequência aos treinamentos e encarar a modalidade com mais seriedade, Alan foi convocado para participar do Parapan juvenil sub-23, representando a seleção brasileira, que aconteceu na Colômbia.

Lá, foi vice-campeão ao lado dos companheiros de time. A partir daí, uma série de novas convocações surgiram, uma delas para disputar o mundial na França. "Conseguimos nos tornar a sétima melhor equipe nessa competição. Olha o que o esporte fez! Eu nem tinha viajado de avião. Aprendi e melhorei o meu basquete, continuei treinando e fui chamado para a seleção principal do Brasil", destaca.

A maior conquista, para ele, foi o Sul-americano disputado na Venezuela, em que foi campeão pela equipe nacional. Propostas de equipes paulistas, mais estruturadas, também apareceram em seguida. Mas, de acordo com ele, o desejo de ficar perto de casa com a família, os amigos e namorada prevaleceu.

"Passei de um jovem tímido, envergonhado, com vários medos e questões de autoestima, para um adulto confiante. Conheci pessoas e lugares novos, algo que somente o basquete poderia me propiciar. Não importa o quanto a rotina seja cansativa, vou e treino. Sempre saio com a sensação de prazer e dever cumprido. Não consigo mais viver sem", acrescenta Alan.

 27/03/2024 Crédito: Kayo Magalhães/CB. Revista.  Jogador de Basquete. Na Foto Alan.
27/03/2024 Crédito: Kayo Magalhães/CB. Revista. Jogador de Basquete. Na Foto Alan. (foto: Kayo Magalhães/CB)

Duas perdas

A arte é um elemento fundamental para suportar os desgostos trazidos pela vida. Com ela, é possível transformar ódio em amor, tristeza em alegria, dor em poesia. Para muitos, é uma peça-chave que ajuda na busca pela compreensão do próprio ser. Eloy Barbosa, 78, encontrou nessa não tão nova perspectiva uma chance para recomeçar depois de duas tragédias em um curto espaço de tempo. Em pouco menos de 10 anos, perdeu os dois filhos, Tiago e Ludmila.

O primogênito morreu em um acidente de moto, há pouco mais de uma década. Nada nunca mais foi o mesmo, segundo ele. Afinal, um pai nunca espera enterrar um filho. A perda caçula foi um baque daqueles. Saudável, talentosa e no auge, Ludmila era triatleta e competia em Palmas quando faleceu. A hélice do bote salva-vidas a atingiu durante uma maratona, em 2018. Ela teve o pé esquerdo amputado, ficou dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até vir a óbito.

“Após a morte da Ludmila, para me manter ocupado e longe de pensamentos ruins, desenvolvi meu lado artístico. Essa segunda metade da minha jornada me proporcionou uma vida mais alegre, prazerosa e cheia de realizações”, comentou. Buscar renascimento em uma idade já avançada parecia não ser provável. Eloy, contudo, contrariou tudo o que imaginavam e transitou até se reencontrar de novo.

As alternativas tentadas foram imensas. Canto, atuação, atividade física, movimento de idosos e por aí vai. Mas foi no teatro que, possivelmente, melhor se encaixou. O luto, naturalmente, é um processo contínuo que requer paciência para ser compreendido, já que superá-lo nem sempre é possível. No entanto, Eloy empenhou-se em acelerar a caça pela cura com muitas ocupações.

“O teatro me deu muito protagonismo, porque eu precisava decorar texto. A rotina de dançar, atuar me deu qualidade para viver, me trouxe muita felicidade e fez com que os pensamentos passados perdessem força. Entendi que a vida não perde tempo para dar certo. Queria criar um presente para mim novo, alegre e feliz. Acredito que consegui isso” acrescenta Eloy.

Renascimento de um pai

As tragédias que aconteceram ele mantém trancadas dentro de si, como um segredo inalcançável, compartilhando sentimentos e dificuldades ao lado da esposa, Marieta, com quem é casado há quase 50 anos. “Tem gente que nem sabe que os meus filhos morreram. E não precisa saber, não quero ser vítima de ninguém. Estamos levando assim”, completa.

Tamanho amor e gratidão pelo teatro fez com que Eloy criasse o Movimento Felizart, que faz trabalhos artísticos no Distrito Federal. Ele, inclusive, passou a estudar para aperfeiçoar e melhorar sua atuação. E tem conseguido com muita excelência, já que marcou presença em comerciais de empresas importantes e em cartazes de conscientização sobre temas diversos para idosos.

“Fiz uma campanha nacional para o Ministério da Saúde, chamando pessoas da terceira idade para se vacinarem. Enfim, eu me tornei um artista multifacetado. Minha autoestima elevou-se e a cada dia que passa sinto mais inclusão na parte artística e esportiva, uma vez que também faço musculação na academia, com ajuda de minha querida esposa”, afirma Eloy.

Foco e preservação da humanidade, conforme descreve o aposentado, lhe ajudaram a permanecer são. Ocupou-se, buscou amigos e apoiou-se na companheira. O nome Eloy, de origem francesa, significa acreditar em si mesmo. E ele precisou muito dessa esperança para continuar realizando sonhos. Hoje, o Felizart conta com 10 alunos e um professor — pessoas de todas as idades que buscam, também, uma forma de superar traumas.

“Como fuga, fiz a primeira peça. Não esperava, mas a repercussão foi tão confiante. Outros trabalhos de teatro, cinema e palestras apareceram. Participo do movimento de idosos ao lado de colegas, faço shows em praças e estou no canto de um coral. Decoro e declamo poesias de Cecília Meireles, Castro Alves, Gonçalves Dias. Sei mais de 20 poemas. Agora, tenho uma vida agradável.”

Além de atuar, ele canta e dança e já fez vários comerciais
Além de atuar, ele canta e dança e já fez vários comerciais (foto: Arquivo pessoal)

Um novo começo

Desenvolvido e evoluído na província de Okinawa, no Japão, o caratê, traduzido do japonês, significa "mãos vazias" e possui diversos benefícios. Como qualquer outra atividade física, auxilia na preservação da saúde mental daqueles que praticam a arte marcial, os chamados caratecas. Muitos dos lutadores da modalidade têm suas vidas transformadas pelos impactos positivos e ensinamentos da arte.

A estudante de educação física Rebeccah Victoria, 21 anos, é uma dessas caratecas que teve a vida mudada pelo esporte. No início da pré-adolescência, a estudante começou a lutar por incentivo do avô, e dali em diante se apaixonou pela arte. "O dojo (local de treino) se tornou meu local de paz, foi fundamental para a formação do meu caráter e do espírito de guerreira que foi despertado em mim", conta.

Praticante da arte marcial há quase 10 anos, Rebeccah entende a importância da luta para sua trajetória e para o reconhecimento de sua força e potencial. O caratê, de acordo com ela, forjou seu caráter e foi essencial para ganhar disciplina. Além disso, lhe ajudou a conter o espírito agressivo comum na adolescência, mostrando que poderia ser melhor do que era.

Em março de 2020, a mãe de Rebeccah faleceu, vítima de feminicídio, e deixou um bebê de 3 meses e uma família inteira desnorteada. Duas semanas depois, deu-se início ao lockdown da covid-19 e a necessidade de se reinventar enquanto indivíduos e família em meio a tantos desafios. "Todos da minha casa são praticantes de caratê. Com o lema de 'criar intuito de esforço', nos juntamos para proporcionar o melhor ambiente para a criança e para nós", conta. "Foi lindo e inspirador participar de um momento como esse".

Para Rebeccah, a prática do caratê e os ensinamentos da arte marcial são indispensáveis para sua vida e foram essenciais para superar as dificuldades e a dor que lhe foi imposta. "O caratê, para mim, está em todas as horas do dia, desde identificar possíveis situações de perigo até mesmo virar a cabeça de forma segura. Pratico diariamente os ensinamentos e os alongamentos para me manter saudável."

Hoje, no início de uma gravidez, Rebeccah sente-se abençoada por esse momento único de chegada de um novo "caratequinha" na família, previsto para nascer no dia do aniversário da mãe. Mesmo após a perda, a data está carregada de boas lembranças e continua simbolizando a presença e os ensinamentos deixados pela matriarca. "No ano passado, fui medalhista no aniversário dela e, este ano, meu filho provavelmente nascerá no mesmo dia", conta Rebeccah. "Recebi um sinal de que esse filho seria muito mais que só uma criança".

 26/03/2024 Crédito: Carlos Vieira CB/DA Press. Brasília DF. Revista. Renascimento com histórias de superação. Karatê. Rebeccah Oliveira e Maria Clara. Academia Boaz, Samambaia.
26/03/2024 Crédito: Carlos Vieira CB/DA Press. Brasília DF. Revista. Renascimento com histórias de superação. Karatê. Rebeccah Oliveira e Maria Clara. Academia Boaz, Samambaia. (foto: Carlos Vieira/CB)

A luta contra a depressão

O autocontrole, a autoconfiança, o desenvolvimento do condicionamento físico e o equilíbrio mental e físico são algumas das mudanças percebidas por Maria Clara Nicácio dos Santos, 14 anos, que durante um quadro de depressão e de bronquite asmática começou a lutar. "O caratê me ajudou em diversos quesitos, incluindo superar a depressão, e no fortalecimento do meu corpo, pois não tenho mais ataques de asma", detalha a jovem.

Segundo a mãe de Maria Clara, Josefa Lopes, na época em que começou no esporte, a filha estava mal psicologicamente desde o início da crise sanitária da covid-19. Com isso, a prática da atividade física foi o que mais lhe ajudou a sair do quadro. "A pandemia foi acabando, mas a depressão não foi embora", lembra. "O remédio da Maria Clara para curar a depressão, aquela melancolia, uma coisa muito ruim que eu não desejo para pai nenhum, foi o caratê", acrescenta Josefa.

Quando Maria Clara se interessou pela luta, a mãe encontrou o Uruma-Kan Karate Solidário, em parceria com a Escola Boaz de Artes Marciais, localizado em Samambaia, onde até hoje a jovem treina. Apesar de não ter gostado no começo, a garota cultivou apreço pela arte. "O sensei Daniel Paraguassu viu a Maria Clara muito além daquele momento, e aí não demorou muito, ela começou a se dedicar bastante", afirma a mãe.

Campeã do 26° Campeonato de Karatê Shotokan, Maria Clara reconhece que, além dos benefícios físicos e mentais, o caratê proporciona uma melhor socialização e integração social. "Por meio dos treinamentos, eu venci dentro e fora dos tatames, pois, hoje, me vejo melhor na escola, em casa, e posso falar que meu corpo, minha mente e meu espírito estão fortalecidos", declara.

Para Josefa, a prática da luta marcial salvou a vida da filha, que, com o tempo, voltou a ter o espírito de vida que tinha se perdido. "Hoje, a Maria Clara brinca, conversa, é outra pessoa, literalmente. Eu a tenho de volta. Ela é a minha Maria, a minha filha hoje está aqui. E eu sou muito feliz", diz.

 25/03/2024 Crédito: Carlos Vieira CB/DA Press. Brasília DF. Revista. Renascimento com histórias de superação. Karatê. Rebeccah Oliveira e Maria Clara. Academia Boaz, Samambaia.
25/03/2024 Crédito: Carlos Vieira CB/DA Press. Brasília DF. Revista. Renascimento com histórias de superação. Karatê. Rebeccah Oliveira e Maria Clara. Academia Boaz, Samambaia. (foto: Carlos Vieira/CB)

A dor se transforma no propósito

A infância, período de grandes ensinamentos e transformações, também é o momento em que as descobertas e as vivências formam o futuro adulto. Lutar pela própria vida ainda criança é uma experiência que deixa marcas inimagináveis. Andréa Pandolfi Barcello, 45 anos, foi uma dessas lutadoras, mas manteve a cabeça erguida e transformou a dor em cura.

Diagnosticada aos 11 anos com leucemia linfoide, o câncer mais comum da infância, Andréa enfrentou uma das batalhas mais difíceis de se travar. “A notícia de você ter um câncer é um impacto muito grande na sua vida, não é fácil você receber um diagnóstico desses, é uma doença muito grave, são muitas incertezas, mas eu sempre tive muito apoio, tanto da equipe médica quanto da família”, afirma.

Após dois anos difíceis de tratamentos, incluindo quimioterapia e radioterapia, meses de mal-estar e dificuldades, Andréa imaginou que ficaria o mais distante possível de clínicas e médicos, mas não foi isso o que a vida lhe proporcionou. “De primeira, achei que eu nunca mais ia querer entrar num hospital, mas logo depois eu comecei a fazer trabalhos voluntários com crianças com câncer na Abrace, e daí em diante a oncologia não saiu mais da minha vida”, relata.

Após o ensino médio, ao contrário do que tinha imaginado para si, e inspirada pela vivência que teve na infância, Andréa entrou para a faculdade de medicina com o intuito de ser para outras crianças a heroína que os médicos foram para ela. “Eu entrei para a medicina já pensando em fazer pediatria e em fazer oncologia, para trabalhar nessa área, trabalhar com as crianças que têm hoje o mesmo problema que eu tive.”

Hoje, a médica oncologista pediatra reconhece que a luta contra o câncer quando criança a ajudou a crescer e encarar a vida com outros olhos. O sentimento de aproveitar e seguir em frente são fortes dentro dela. Andréa também acredita que a experiência acrescenta muito no trabalho, pois, além de conseguir se colocar no lugar dos pais e dos pacientes, a vivência da médica traz a segurança e a esperança de que é possível superar e enfrentar a doença, por mais difícil que pareça.

Para ela, a sensação de poder fazer parte da vida e da cura dessas crianças é o que mais dá sentido para a profissão. “Eu acho que a parte mais gratificante do meu trabalho é quando eu vejo a criança que terminou o tratamento, que está curada, e eu vejo que fiz parte dessa trajetória, ajudei a criança e a família a conquistar isso, chegar ao fim do tratamento e conquistar a cura.”

Depois dos desafios enfrentados tão cedo, toda a dor vivida foi transformada em algo maior e mais bonito. Andréa acredita que, apesar das dificuldades, é imprescindível lutar e manter a esperança. “Por mais que os problemas pareçam, às vezes, intransponíveis, a gente não pode desistir”, afirma. “Se tivermos força e coragem, conseguimos enfrentar tudo que a vida botar na nossa frente.”

Andréa Pandolfi Barcello
Andréa Pandolfi Barcello (foto: Arquivo Pessoal)

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte 

  • Eloy encontrou na arte uma forma de superar a perda dos dois filhos
    Eloy encontrou na arte uma forma de superar a perda dos dois filhos Foto: Arquivo pessoal
  • Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação