
Com Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva, Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente estreou hoje na HBO Max. A série se passa nos anos 1980, quando a epidemia de aids se alastrava pelo país e não havia tratamento disponível para a doença no Brasil. Determinados a lutar pela vida, um grupo de comissários se une para contrabandear o medicamento AZT para o país, em um ato de coragem que acaba ajudando diversos brasileiros. Serão cinco episódios no total, disponibilizados semanalmente na madrugada de domingo na HBO Max e transmitidos ao vivo no canal da HBO às 23h.
Apesar de abordar um período sombrio e traumático para a sociedade, a série não traz uma narrativa sofrida, pelo contrário, mostra a determinação e a paixão das pessoas pela vida e o grande senso de pertencimento e comunidade que surgiu na época. "O que essas personagens são capazes de fazer com isso é muito emocionante. Elas criam uma rede de solidariedade e afeto e conseguem em comunidade, em coletivo, mudar o curso da vida dessas pessoas, salvar vidas, mudar o curso da história de um país. Eu acho que tem uma qualidade dessa narrativa que é um pertencimento LGBTQIAPN+, um pertencimento queer", destaca Bruna Linzmeyer, que interpreta Lea, uma das comissárias que transporta o medicamento para o Brasil.
Mesmo se passando nos anos 1980, a produção reflete como é viver com HIV nos dias de hoje. "Acho que a perspectiva da vida, da alegria, é muito importante porque pessoas que vivem hoje com o HIV vão estar vendo essa série. É plenamente entendido que viver com o vírus hoje é uma sentença de vida diferente da daquela época, que era uma sentença de morte" completa Johnny Massaro, que faz o papel de Nando, um comissário que contrai o vírus e não só usa o AZT como ajuda a contrabandear o medicamento para o país.
A produção é baseada em eventos reais. Thiago Pimentel — criador e produtor — descobriu a atitude dos comissários a partir do documentário Carta para além dos muros, de André Canto, resolveu pesquisar o caso mais a fundo e chegou a uma matéria de Leandro Machado para a BBC sobre funcionários da Varig que traziam AZT para o Brasil. O jornalista se juntou ao grupo de pesquisa da série e chegou a compartilhar fontes e entrevistas da matéria original. Eles conversaram com comissários, pessoas com HIV, infectologistas e com a Polícia Federal para entender como funcionava o transporte dos medicamentos na época e transmitir de maneira fidedigna nos episódios.
Sem preconceito
Mesmo com o avanço da medicina, o estigma ao redor do vírus e da aids ainda é muito forte no país. Segundo o Ministério da Saúde, 10 mil pessoas morrem da doença por ano no país. A produção também tem o intuito de esclarecer informações sobre o HIV e diminuir o preconceito com as pessoas que convivem com o vírus. "A série vem para trazer esse tema para a nossa sociedade como uma questão de saúde pública", explica Ícaro Silva. "Ela é muito sobre celebrar a vida, porque, apesar de tudo, a luta dessas pessoas nos trouxe para um cenário em que é possível viver com esse vírus normalmente e levar uma vida alegre".
Silvia Fu, produtora da Warner Bros. Discovery, reforça a responsabilidade do canal de dar visibilidade para tais assuntos nas séries da plataforma: "É justamente para levar o assunto para a mesa de jantar, para se abrir as conversas. Um dos fatos muito importantes é mostrar que não é uma doença restrita a um hábito, a forma de se contrair não é individualizada. Mas muitas vezes, por ser uma doença relacionada a sexo, a gente acaba tendo um preconceito de falar. Então, a partir do momento que se põe na tela, você acaba expandindo essa conversa e mostra que não tem problema falar sobre", enfatiza.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Diversão e Arte
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