
Com mais de 30 expositores reunidos, a próxima edição está marcada para este sábado (6/9), na Escola Classe 21 de Ceilândia. O Remoda — Festival de Moda Circular — criado em 2021, nasceu em Ceilândia com a proposta de descentralizar o acesso à moda sustentável e valorizar a economia criativa. O evento, que já se consolidou no calendário cultural do Distrito Federal, reúne brechós, marcas autorais, gastronomia e arte, promovendo consumo consciente e fortalecendo o empreendedorismo periférico.
A idealizadora, Rafaela Lacerda, começou sua trajetória como curadora do brechó virtual Mercado de Pulgas, em 2018. A experiência foi a semente para a criação do festival. “O Remoda nasceu da necessidade de unir brechós que desejavam ir do online para o físico. Com o tempo, percebi o poder da moda circular, sua capacidade de ser democrática, sustentável e cultural. Criar o festival em Ceilândia foi um ato de resistência”, explica.
No início, os desafios foram grandes: pouco orçamento, dificuldades de visibilidade e escassez de espaços para realização de eventos. Com apoio de editais como o Fundo de Apoio à Cultura (FAC), a iniciativa ganhou estrutura e diversidade na programação. “Profissionalizar a economia circular, que já é uma prática cotidiana na periferia, mas muitas vezes de forma informal, foi uma das nossas missões”, lembra Rafaela.
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De encontros pequenos, o festival cresceu e hoje soma mais de 35 edições realizadas. O evento já passou por espaços como a Escola Classe 21 (EQNN 04/06), em Ceilândia, e pela Praça da Estação do Metrô, Ceilândia Centro, onde ocorreram várias edições especiais com mais de 60 expositores, oficinas, desfiles, DJs e gastronomia local. “Foi uma celebração da moda consciente, com ampla participação da comunidade, em um espaço vibrante, inclusivo e acolhedor”, destaca.
Mais do que um evento de moda, o Remoda se tornou um espaço de transformação social. “Já ouvi de expositores que, sem o festival, seria difícil ter um espaço físico. O Remoda promove autoestima, pertencimento e dá valor à cadeia criativa local”, afirma a idealizadora. A sustentabilidade é outro pilar fundamental do projeto. O público tem adotado práticas como o uso de ecobags, redução de plásticos e até a administração consciente do lixo.
“Cada pessoa faz a conexão de que comprar de segunda mão não só representa economia, mas também é um gesto de responsabilidade ambiental e cultural”, explica Rafaela. Para o futuro, a proposta é ousada: edições mensais, mais oficinas e rodas de conversa, além de fortalecer alianças com coletivos de moda e cultura. Embora o foco esteja em Ceilândia e outras regiões administrativas do DF, a fundadora não descarta expansão. “Nada impede que o modelo seja replicado em outras regiões do Brasil, porque a moda de segunda mão veio para ficar”, completa.
Quem nunca participou encontra no Remoda mais do que peças exclusivas mas, também, um convite para viver moda com história, consciência e atitude. “É um lugar para garimpar estilo único, apoiar empreendedores locais e celebrar a cultura. Quem passa por lá sai transformado e leva um novo olhar sobre consumo e comportamento”, resume Rafaela.
Revista do Correio
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