
São Paulo — De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), cerca de 30 milhões de brasileiros vivem com pré-diabetes no país. A doença, apesar de silenciosa, aumenta em 15% o risco de alguns tipos de câncer, em 20% o risco cardiovascular e em 67% o de complicações renais. Com o intuito de informar e conscientizar a população, a Merck apresentou, na semana passada, dados inéditos do Congresso da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) sobre a condição.
A apresentação foi mediada pela médica anestesista e apresentadora Thelma Assis, que explicou, de forma clara e com base em estudos, que normalizar a glicemia em pacientes pré-diabéticos, alcançando a remissão da condição, pode reduzir em mais de 50% o risco de morte cardiovascular ou hospitalização por insuficiência cardíaca (IC) e em mais de 40% o risco de mortalidade por todas as causas.
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“É necessário falar de prevenção e disseminar informação de qualidade. O pré-diabetes já é uma doença e precisa ser levado a sério. É uma fase da condição, mas é uma fase reversível. O pré-diabetes é algo que deve preocupar, porque estou a um passo de desenvolver uma doença devastadora”, explica Thelma.
Ela acrescenta que o rastreio do pré-diabetes é simples e que, na maioria dos casos, a mudança de hábitos alimentares e a incorporação de atividades físicas regulares são capazes de evitar o desenvolvimento do diabetes tipo 2, uma doença crônica, irreversível e progressiva. Em situações específicas, ou quando a mudança de estilo de vida não é adotada adequadamente, o uso de medicação pode ser necessário para normalizar a glicemia.
Recomendações e alertas
Reforçando a explicação de Thelma, a endocrinologista e especialista em tratamento do diabetes Denise Franco confirma que a modificação do estilo de vida, incluindo a redução de peso com dieta saudável, o aumento da atividade física, a inclusão de vegetais na alimentação, além de medidas como cessar o tabagismo, reduzir o consumo de álcool e tratar a síndrome dos ovários policísticos em mulheres, é essencial e recomendada para prevenir o diabetes tipo 2 em pessoas que estão no estágio inicial da doença. “Essa junção de fatores é o que traz o maior impacto”, afirma.
Ela lembra, no entanto, que apenas 2% das pessoas conseguem manter essas mudanças de forma efetiva. “Mas combinar estratégias é o caminho para virar o jogo, e é a medida mais eficaz para a prevenção. A terapia farmacológica também pode ser utilizada e está prevista nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes”, explica Denise.
A médica reforça que, sem a adoção das medidas recomendadas pelos profissionais de saúde, o desfecho clínico pode incluir polineurite distal, neuropatia, doença cerebrovascular, retinopatia, neuropatia sensorial, complicações macrovasculares, doenças cardiovasculares, cegueira, amputação de membros e mortalidade geral.
Denise alerta ainda que as pessoas devem ficar atentas aos índices glicêmicos no dia a dia. “O que pode ser considerado normal é acordar com a glicemia abaixo de 100mg/dL e ter uma hemoglobina glicada menor ou igual a 6,5%. Caso os valores em jejum estejam entre 100mg/dL e 126 mg/dL, isso pode ser considerado pré-diabetes; acima disso, já é diabetes".
Os sintomas podem ser silenciosos. Entre os primeiros sinais estão sede e fome excessivas, vontade frequente de urinar e cansaço. Outros sintomas iniciais incluem perda de peso inexplicada, visão embaçada e feridas que demoram a cicatrizar.
Consulta pública (PCDT)
Até hoje (11/11), está aberta a Consulta Pública CP 82/25, no Conitec, do Sistema Único de Saúde (SUS), sobre a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do diabetes melito tipo 2. O objetivo é incluir as insulinas de ação rápida e prolongada no SUS, um avanço significativo na terapia medicamentosa para o diabetes tipo 2. Além disso, o documento traz, entre outras alterações, a recomendação de retirar o pré-diabetes como fator de risco para o diabetes tipo 2.
“A retirada do pré-diabetes como fator de risco para o diabetes tipo 2 nos surpreendeu, pois, inicialmente, essa avaliação sequer fazia parte do escopo da revisão do PCDT e está desalinhada com as diretrizes nacionais e internacionais, como as europeias e americanas. Assim, queremos chamar a atenção para a importância da manutenção do pré-diabetes como fator de risco, principalmente diante dos dados recentemente apresentados no EASD sobre redução de mortalidade e internação”, comenta Denise.
A consulta pública pode ser respondida por médicos e pela comunidade em geral, por meio do link: https://qrco.de/ParticipeDaConsultaPublica.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
*A estagiária viajou a convite da Merck
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