Nesta segunda-feira (11/8), comemora-se o Dia do Advogado, que remete à fundação dos primeiros cursos jurídicos do Brasil em 1827, nas cidades de Olinda (PE) e São Paulo (SP)
Essa data reforça a importância do advogado no papel fundamental de promover debates e defender ideias, algo que se conecta ao espírito da expressão 'advogado do diabo'
Embora o termo cause impacto, ele não se refere a algo maligno, mas a uma função que existiu oficialmente na Igreja Católica
No passado, a canonização dos santos era descentralizada, mas a partir do século XII, o poder passou a ser centralizado pelo Papa
Em 1587, o Papa Sisto V criou o cargo de 'advocatus diaboli' — o advogado do diabo — para investigar e questionar as candidaturas à santidade
Esse personagem tinha a missão de examinar milagres, duvidar das virtudes e apontar possíveis falhas, assegurando que o processo fosse rigoroso e justo
A canonização, ou santificação, exige que o candidato demonstre virtudes heroicas, seja reconhecido como servo de Deus e, geralmente, comprove milagres
Enquanto o 'advogado de Deus' defende a santidade, o 'advogado do diabo' exerce o papel oposto, buscando dúvidas e questionamentos para manter a credibilidade do processo
O cargo foi extinto em 1983, quando o Papa João Paulo II assumiu integralmente as decisões sobre canonizações
Mesmo após o fim do cargo, o Vaticano continua a consultar críticos em casos controversos — como em 2003, quando ouviu o escritor ateu Christopher Hitchens sobre Madre Teresa
No dia a dia, a expressão 'advogado do diabo' é usada para designar quem adota uma posição contrária — não necessariamente para discordar, mas para estimular a reflexão e o debate aprofundado
Assim, a figura do advogado do diabo permanece relevante, seja nos tribunais da fé ou nas conversas cotidianas, como aquele que provoca o pensamento crítico e o olhar atento