Virgulino Ferreira da Silva e Maria Gomes de Oliveira, Lampião e Maria Bonita, estiveram à frente de um bando de cangaceiros que circulou por diversos estados no sertão nordestino nas décadas de 1920 e 1930
O casal e outros 11 integrantes foram mortos em 28 de julho de 1938, em uma emboscada na Grota do Angico, em Poço Redondo (SE), por forças policiais. Os soldados decapitaram as vítimas e as cabeças foram levadas e expostas em diversas localidades até chegarem a Maceió (AL).
Durante mais de 20 décadas, de 1944 a 1969, as cabeças ficaram em exposição no Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues, em Salvador (BA), até a família enfim conseguir o direito ao sepultamento. Lampião e Maria Bonita foram enterrados no Cemitério Quinta dos Lázaros, também na capital baiana.
Por quase 20 anos, os crânios ficaram não no cemitério, mas guardados na casa da filha do casal, Expedita Ferreira Nunes, 92 anos. Isso aconteceu porque, em 2002, os familiares receberam o aviso do cemitério de que ia acontecer uma reforma e os restos mortais poderiam se perder.
Eles foram levados dentro da caixa em que estavam guardados dentro do túmulo, sem manutenção adequada e eram por vezes levados 'para tomar um sol', era um segredo de família. O crânio de Maria Bonita (foto), estava praticamente intacto.
Já o de Lampião (foto), devido aos disparos que ocasionaram a morte, era composto por vários pedaços e precisou ser reconstituído pela equipe
Os dois foram encaminhados pela família ao Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em 2021, onde passaram por estudos, reconstituição e reconstrução em 3D. A família e a instituição selaram a parceria em um encontro no ano passado.
Os crânios foram encaminhados para o Museu de Arte Sacra de São Paulo. O próximo passo para a família é reunir todo o acervo de memórias que restaram do casal, como armas, joias, um cacho de cabelo de Maria Bonita, e fotos. Os familiares estudam ainda a abertura do próprio museu daqui a três anos.