Relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) mostra recuperação de mensagens apagadas do celular do ex-presidente.
O relatório afirma que as mensagens de texto foram recuperadas por meio de um software e que não foi possível recuperar os áudios porque o 'banco de dados do WhatsApp não armazena os arquivos multimídia em si, mas apenas seus metadado'
Mas como isso é possível se as mensagens foram apagadas?
Para isso, segundo o professor de engenharia da informação Mário Gazziro, da Universidade Federal do ABC (UFABC), uma informação é essencial: 'o celular ele não apaga nada, aquele pedacinho da memória está vago e aí quando ele precisar de algum espaço efetivamente, ele vai lá e escreve por cima'.
'É como se você tivesse uma estante de livros, a estante é o seu celular e os livros são as informações', exemplifica. 'Aí você define que você vai jogar fora todos os livros da primeira prateleira de cima, mas só se chegarem mais livros novos, você não joga efetivamente. Quando chegam livros novos, aí sim você joga fora, que é o sobrescrever que acontece no celular.
Com isso, a PF isola o celular apreendido e utiliza um software de computador disponível apenas para a Polícia e outros serviços de inteligência governamentais do mundo inteiro.
Os arquivos menores são mais fáceis de serem recuperados, por isso, a PF conseguiu recuperar várias mensagens e poucos áudios
O WhatsApp, de fato, tem um mecanismo de criptografia de ponta a ponta que permite que apenas o remetente e o destinatário tenham acesso ao conteúdo. Isso que dizer que nem a Meta, empresa responsável pela rede social, nem os órgãos governamentais podem interceptar as mensagens.
No caso de Bolsonaro, no entanto, a perícia tinha o próprio aparelho em mãos. 'Se a Polícia tivesse interceptado essa mensagem do Bolsonaro chegando para alguém, eles não iam conseguir abrir, mas, no celular dele, eles conseguem, por isso apreensão', explica Gazziro.
O relatório indicia o ex-presidente e o filho Eduardo Bolsonaro por 'coação no curso do processo' e 'abolição violenta do Estado Democrático de Direito'.
Além de pai e filho, o relatório aponta a participação do jornalista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Malafaia. A investigação cita a atuação do 03 na articulação com os Estados Unidos para impor sanções ao Brasil sob justificativa de perseguição contra o pai.