Um áudio vazado por Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), acusa Karina Milei, irmã do presidente argentino, de envolvimento em esquema de corrupção com contratos de medicamentos
Spagnuolo afirma que Karina Milei e Eduardo 'Lule' Menem cobravam propina de farmacêuticas para garantir contratos públicos de fornecimento de remédios
Segundo a denúncia, as empresas pagavam até 8% do faturamento, gerando supostos ganhos de US$ 800 mil por mês (R$ 4,3 milhões)
Karina Milei teria ficado com 3% a 4% das propinas; Lule Menem, descrito como operador do esquema, contava com apoio de empresários da distribuidora Suizo Argentina
Os áudios foram divulgados em 20 de agosto, desencadeando crise política e investigação imediata da Justiça argentina
No dia seguinte à revelação, Spagnuolo foi demitido, e a Justiça realizou buscas na Andis e na empresa Suizo Argentina
A denúncia ocorre no mesmo período em que o Congresso derrubou veto de Javier Milei sobre lei de emergência para pessoas com deficiência, ampliando a pressão política
Entre os nomes citados estão Karina Milei, Eduardo Menem, os empresários Emmanuel e Jonathan Kovalivker e o diretor da Andis, Daniel Garbellini
A polícia encontrou US$ 266 mil em espécie, celulares e máquinas de contar dinheiro em 16 operações de busca ligadas ao caso
O juiz Sebastián Casanello conduz o processo, já com cinco réus, investigando corrupção, fraude administrativa e violação à ética pública
A Justiça proibiu a saída dos investigados do país e determinou perícia em quatro celulares, incluindo o de Spagnuolo
Milei não comentou diretamente o caso, mas apareceu ao lado da irmã em evento público, sinalizando apoio
O chefe de gabinete Guillermo Francos classificou as acusações como perseguição política; Martín Menem defendeu publicamente os acusados
O escândalo surge a duas semanas da eleição na província de Buenos Aires e a dois meses do pleito legislativo nacional, momentos cruciais para o governo
O caso ameaça a governabilidade de Milei, podendo reduzir sua base de apoio e abrir caminho para uma CPI no Parlamento