A confirmação da morte da atriz veio por meio da Fundação Brigitte Bardot, organização que ela mesma havia criado e presidido por décadas em defesa dos direitos dos animais.
Bardot passou seus últimos anos em Saint-Tropez, na Riviera Francesa, cercada por seus muitos animais resgatados e longe dos holofotes que a haviam transformado, ainda jovem, na estrela mais reconhecida do cinema europeu do pós-guerra.
Nascida em 28 de setembro de 1934 em Paris, Brigitte Anne-Marie Bardot cresceu em uma família burguesa e inicialmente dedicou-se ao balé clássico antes de se tornar modelo adolescente, estampando capas de revistas influentes como “Elle”, o que atraiu os olhares da indústria cinematográfica.
Seu começo nas telas ocorreu em 1952, com participações pequenas, mas foi em 1956, aos 21 anos, ao estrelar “E Deus Criou a Mulher”, sob direção do então marido Roger Vadim, que Bardot explodiu no cenário internacional como símbolo de beleza, liberdade e uma nova forma de feminilidade que abalou padrões conservadores de sua época.
Ao longo da década de 1960, Bardot consolidou uma filmografia que combinava glamour, irreverência e uma presença magnética que transcendeu o cinema francês.
Ela atuou em mais de 40 filmes, incluindo colaborações com diretores importantes e papéis que demonstraram sua versatilidade, de dramas intensos a comédias leves que capturaram a imaginação do público global.
Seus trabalhos em filmes como “O Desprezo”, de Jean-Luc Godard, e “Viva Maria!”, de Louis Malle, ampliaram seu prestígio artístico e a transformaram em uma figura cultuada por públicos de diferentes continentes.
Mas Bardot não foi apenas um rosto e um corpo cinematográficos. Ela se tornou um fenômeno cultural. Seu estilo - marcado pelo cabelo loiro solto, olhar natural e moda descontraída - inspirou gerações e influenciou profundamente a estética da cultura pop e da moda.
Brigitte Bardot esteve no Brasil em 1964, quando visitou o balneário de Búzios, então ainda pouco conhecido, e acabou projetando o destino internacionalmente ao se hospedar na região. Anos depois, sua passagem foi eternizada com uma estátua à beira-mar, que se tornou um dos cartões-postais mais famosos da cidade fluminense.
Em 1973, no auge de sua fama, Bardot surpreendeu o mundo ao anunciar sua retirada das telas. Cansada da exposição constante e do circo midiático que cercava sua vida pessoal, ela decidiu direcionar sua energia para outra grande paixão: os direitos dos animais.
Em 1986, fundou a Fundação Brigitte Bardot, que se tornou uma das organizações mais ativas na luta contra a crueldade animal, campanhas contra caça de focas e a exploração de peles, e mobilizações por reformas em práticas de bem-estar animal na Europa e outras partes do mundo.
No entanto, a vida de Bardot também foi permeada por controvérsias. Nos anos posteriores à carreira cinematográfica, suas declarações políticas e sociais resultaram em condenações na França por incitação ao ódio racial, o que afetou sua imagem pública.
Ainda assim, mesmo entre críticos severos e admiradores leais, Bardot sempre foi vista como uma figura que jamais se dobrou às convenções e que vivia de acordo com suas convicções, por mais polarizadoras que fossem.
Brigitte Bardot não se limitou a ser uma estrela de cinema ou uma celebridade: ela foi um símbolo, um mito da cultura do século XX cuja influência permaneceu visível até os anos finais de sua vida.
A vida amorosa de Brigitte Bardot foi intensa e amplamente acompanhada pela imprensa, refletindo tanto sua fama quanto seu temperamento independente. Ela se casou quatro vezes — com Roger Vadim, Jacques Charrier, Gunter Sachs e Bernard d’Ormale.
Bardot teve um único filho, Nicolas-Jacques Charrier, fruto de seu casamento com o ator Jacques Charrier, nascido em 1960.
A maternidade, no entanto, sempre foi tratada por ela de forma franca e controversa, já que a atriz declarou diversas vezes não ter vocação para ser mãe e manteve uma relação distante com o filho ao longo dos anos.