Jornal Correio Braziliense

Cidades

Após escândalos, novo bispo assume Diocese de Formosa neste sábado

Operação do Ministério Público de Goiás (MPGO) resultou na prisão do antigo bispo da região, dom José Ronaldo Ribeiro, que renunciou ao cargo em setembro do ano passado. Desde então, a entidade estava sem chefia fixa


Sem gestão fixa há mais de um ano, a Diocese de Formosa terá nova chefia. Dom Adair José Guimarães assumirá o cargo de bispo durante missa na catedral da região, às 10h, neste sábado (1;/6). A posse acontece 14 meses após o Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrar a Operação Caifás, que investiga desvios de mais de R$ 2 milhões. À época, o então bispo, dom José Ronaldo Ribeiro, foi preso, afastado do cargo e pediu a renúncia da função meses após as investigações.

Dom José foi preso em março de 2018, acusado de chefiar um suposto esquema de desvios de verbas arrecadadas de casamentos, batizados e outros eventos promovidos pelas 33 paróquias vinculadas à Diocese. Com a prisão do sacerdote, o arcebispo de Uberaba (MG), dom Paulo Mendes Peixoto veio para Formosa conduzir os fiéis. Ele assumiu a função de administrador apostólico e se revezava entre a cidade goiana e no município mineiro.

Apenas em 27 de fevereiro deste ano, o Papa Francisco anunciou o novo bispo de Formosa. Dom Adair estava à frente da Diocese de Rubiataba-Mozarlândia (GO). Nomeado pelo Papa Bento CVI, o religioso permaneceu 11 anos na região Além disso, ele também foi juiz presidente no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Goiânia (GO).

Em entrevista ao Correio em março, dom Adair garantiu que vai assumir a Diocese de Formosa com tranquilidade. "O tempo mais difícil já passou. No atual momento, a Diocese já está no curso da normalidade pastoral", ressaltou. Ele defendeu que a Igreja é maior do que "os filhos" e que o escândalo não será capaz de intimidar ou impedir os fiéis de andarem com cabeça erguida.

Operação Caifás

Deflagrada em 19 de março, a Operação Caifás investiga 11 pessoas por desvios milionários dos cofres da Igreja Católica. A suspeita é de que os réus tenham adquirido propriedades, veículos e joias com o dinheiro pago pelos fiéis em casamentos, batizados e outros eventos promovidos pelas paróquias.

Assim que a operação foi deflagrada, nove dos acusados permaneceram presos por quase 30 dias, mas na terceira tentativa, conseguiram direito à liberdade no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Eles respondem em liberdade por apropriação indébita, associação criminosa e, alguns dos réus, por lavagem de dinheiro.

As audiências do caso começaram em 10 de setembro, porém, a Justiça ainda não interrogou nenhum dos envolvios. Apenas testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas. O primeiro interrogatório estava marcado para 29 de março, entretanto, o vigário-geral de Formosa (GO), Epitácio Cardozo Pereira, 69 anos, morreu devido a uma infecção generalizada um dia antes da oitiva, fazendo com a sessão fosse remarcada para 28 de junho.

Além de dom José e Epitácio, são acusados: Thiago Wenseslau, juiz eclesiástico; Waldson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse; Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Darcivan da Conceição Serracena, funcionário da Diocese de Formosa; Edmundo da Silva Borges Junior, advogado da Diocese de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa e Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa.