A jornalista Cristiana Lôbo morreu ontem, aos 64 anos, em decorrência de um mieloma múltiplo — câncer que afeta a medula óssea —, contra o qual lutava havia alguns anos. No último fim de semana, ela foi internada com pneumonia no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, mas o quadro clínico se agravou. A comentarista da Globo News deixa marido, dois filhos e dois netos.
Autoridades e colegas de profissão lamentaram a lacuna que se abre na cobertura diária do jornalismo político brasileiro. O vice-presidente Hamilton Mourão registrou que Cristiana, "além de profissional séria e competente, era extraordinária figura humana".
A jornalista Denise Rothenburg, da coluna Brasília-DF, do Correio, lembrou-se da memória afiada de Cristiana, que, por causa disso, conseguia abordar fontes consideradas difíceis nos bastidores dos Três Poderes. "Era a generosidade em pessoa. De um humor fino e inteligente, tinha o dom de explicar a política de forma simples e atrativa", observou.
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Repórter sempre
Também veterano da cobertura do poder na capital do país, Luiz Carlos Azedo, do Correio, lembrou que Cristiana "era repórter em tempo integral. Ela frequentava os ambientes de decisão, tinha acesso às principais fontes do país e tinha um compromisso com a verdade e com a informação correta".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi várias vezes entrevistado por Cristiana, registrou no Twitter: "Meus sentimentos à família, amigos e amigas da jornalista Cristiana Lôbo. Que Deus lhes dê forças neste momento tão triste".
Já o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ressaltou que Cristiana era "dotada de uma habilidade de comunicação única e de extrema capacidade de leitura política, Cristiana deixa um legado imenso para o jornalismo brasileiro".
Em nota, o procurador-geral da República, Augusto Aras, lembrou de Cristiana como uma "comunicadora à frente de seu tempo, responsável, ética e atenta às grandes causas brasileiras (...). Sempre com um sorriso estampado no rosto, atendeu a todos os convites feitos pelo CNMP, palestrando sobre a intersecção entre o jurídico, o político e a comunicação".
O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também se manifestou: "Tive diversas entrevistas e conversas com ela, muitas das quais com divergências de opinião, mas sempre de forma cordata e profissional", observou.
"Perdemos Cristiana Lôbo, um dos maiores nomes do nosso jornalismo. Sempre atenta, forte, incisiva, objetiva, doce, amável, inteligente. Tive a honra de aprender muito com ela", lastimou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Em nota, o PSDB ressaltou que Cristiana, "sempre atenta aos fatos, deixa uma lacuna no jornalismo político brasileiro". O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) lembrou da jornalista afirmando que "Cristiana marcou a cobertura da política nacional com brilho e competência ímpares".
A ex-presidente Dilma Rousseff destacou que, com a morte de Cristiana, "o jornalismo político brasileiro perde uma de suas vozes mais conhecidas e o mundo político perde uma repórter séria e competente". A senadora Simone Tebet (MDB-MS) também ressaltou a importância da colunista para a cobertura de política.
"Nas nossas entrevistas, ela ia além das perguntas; ela garimpava minhas respostas. Neste tempo de tamanho ataque à imprensa, a democracia brasileira perdeu uma grande guerreira", homenageou.
O presidenciável Ciro Gomes (PDT) também se lembrou de Cristiana. "O jornalismo brasileiro perdeu uma grande profissional, e eu, uma amiga de muitos anos. Que Deus possa confortar a família de Cristiana Lôbo e seus colegas".
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) foi na mesma direção. "Profissional com uma trajetória longa e brilhante. Em Brasília, tive a oportunidade de conversar com ela algumas vezes e sempre me impressionou a capacidade de conduzir com delicadeza uma busca firme e precisa pela boa informação", destacou.
Finesse
Cristiana nasceu em Goiânia e formou-se em jornalismo pela Universidade Federal de Goiás. Começou cobrindo política no seu estado natal, mas migrou para Brasília. Trabalhou nos jornais O Estado de S.Paulo e O Globo, de onde saiu para a tevê.
Na Globo News, apresentou o programa jornalístico Fatos e Versões e se destacou pelo jeito ameno, mas firme, de conversar, além da elegância no tratamento com colegas e entrevistados. Cristiana foi um dos destaques da série de entrevistas Central das Eleições — depois Central Globo News —, que marcou a cobertura do canal para o pleito presidencial de 2018.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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