Violência

Médicos mortos a tiros no Rio de Janeiro são enterrados neste sábado

A principal linha de investigação é que os suspeitos executaram os médicos por engano e alvo da ação criminosa seria um miliciano, que morava na região

 Corpo de médico executado a tiros é enterrado na Bahia: ‘Não acreditamos que a morte dele era verdade’, diz tio. Perseu Ribeiro, assassinado em quiosque na Barra da Tijuca, era único médico ortopedista especializado em pé do Hospital Prado Valadares, em Jequié, na Bahia, onde morava. -  (crédito:  Reprodução/Redes Sociais)
Corpo de médico executado a tiros é enterrado na Bahia: ‘Não acreditamos que a morte dele era verdade’, diz tio. Perseu Ribeiro, assassinado em quiosque na Barra da Tijuca, era único médico ortopedista especializado em pé do Hospital Prado Valadares, em Jequié, na Bahia, onde morava. - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
postado em 07/10/2023 18:55 / atualizado em 07/10/2023 20:14

Dor, tristeza e comoção marcaram o sepultamento, neste sábado (7/10), dos três médicos que teriam sido assassinados por engano em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na noite da última quarta-feira. Os ortopedistas estavam na cidade para participar de um congresso internacional.

O corpo de Diego Ralf de Souza Bomfim, de 35 anos, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), foi enterrado pela manhã no Cemitério Municipal Campal, no Residencial Anita Tiezzi, em Presidente Prudente (SP).

Em entrevista coletiva, concedida após o sepultamento de Diego, Sâmia lembrou o quanto o irmão era uma pessoa querida, que só deixou boas lembranças, e se indignou com “a lógica de milícia que briga com o tráfico, que tem um poder paralelo, que muitas vezes se confunde com o próprio Estado”.

“Talvez esse caso tenha ganhado ampla repercussão, inclusive internacional, porque se tratava de um congresso internacional de médicos, num bairro nobre do Rio de Janeiro. Mas esse tipo de tragédia acontece todos os dias, às vezes em lugares menos visibilizados, com pessoas que às vezes estão à margem da sociedade, que muita gente não vê ou finge que não vê. É por todas elas também que a gente vai lutar por justiça”, disse a parlamentar.

Diante da tragédia, a deputada afirmou que pretende enfrentar o problema da violência que vitimou seu irmão e atinge centenas de famílias. “Não é o primeiro caso assim e torço para que seja o último, mas a gente sabe que não é tão simples. Estamos falando de um poder muito profundo, de uma lógica estruturada, principalmente no estado do Rio de Janeiro. Hoje foi com a minha família, mas poderia ter sido com qualquer outra, aliás, como é todos os dias", declarou.

Um de três irmãos, Diego tinha uma namorada e tinha planos para se casar em breve. Sem filhos, ele se formou em medicina na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) em Presidente Prudente, com auxílio do FIES, e se especializou em ortopedia e cirurgia em pé e tornozelo.

“Coincidência”

Amigos e parentes do ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida, de 33 anos, se reuniram no cemitério Jardim da Saudade, em Ipiaú, na Bahia, para se despedir do médico que foi morto a tiros. Um tio da vítima contou que a família não acreditou ao ver o noticiário na televisão pensando ser apenas uma “coincidência”, e foi justamente uma coincidência que pode ter motivado o crime.

A semelhança física entre o médico Perseu e o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, é uma das linhas de investigação para o triplo homicídio. De acordo com as polícias Civil e Federal, o médico tem peso, altura, cabelo e barba parecidos com Taillon, e pode ter sido confundido com ele quando estava com três amigos em um quiosque na orla do bairro frequentado pelo criminoso.

Perseu Almeida escolheu a medicina como profissão seguindo os passos do pai, Luiz Andrade, ortopedista que morreu há cerca de dez anos em um acidente de carro, e estava se preparando para assumir a clínica do pai. Ele foi morto um dia depois de seu aniversário, que comemorou com a esposa e seus dois filhos, antes de pegar o avião para o Rio de Janeiro.

O velório do ortopedista Marcos Corsato, de 62 anos, assassinado ao lado dos dois amigos, foi marcado por forte comoção de amigos, parentes, colegas e pacientes no Cerimonial Pacaembu, na Zona Oeste da capital paulista. Considerado um dos melhores na sua especialidade, pés e tornozelos, ele era médico do Hospital das Clínicas e do Sírio-Libanês, e foi professor dos companheiros que tiraram juntos uma foto sorrindo, instantes antes do crime.

A quarta vítima do ataque, Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, foi atingido por 14 tiros e foi o único sobrevivente. Ele passou por cirurgia de 10h e teve lesões no tórax, intestino, pélvis, mão, pernas e pé, e o estado de saúde é estável.

Os criminosos armados saíram de um carro e dispararam pelo menos 33 vezes contra o grupo. Eles não roubam nenhum pertence e nenhum outro cliente do quiosque é ameaçado. A principal linha de investigação é que os suspeitos executaram os médicos por engano e alvo da ação criminosa seria um miliciano, que morava na região.

 

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