horror em israel

Oriente Médio: 1,7 mil brasileiros pedem para voltar

Ponte aérea com Tel Aviv começa a funcionar a partir de hoje com dois transportes da FAB. Estão previstos inicialmente cinco voos, mas o Ministério das Relações Exteriores estima que outros 10 podem ser necessários

Manifestação pró-Israel no centro de Buenos Aires, na segunda-feira à noite. Argentina tem a maior colônia judaica da América Latina. -  (crédito: Luis Robayo/AFP       )
Manifestação pró-Israel no centro de Buenos Aires, na segunda-feira à noite. Argentina tem a maior colônia judaica da América Latina. - (crédito: Luis Robayo/AFP )
postado em 10/10/2023 03:55

Aproximadamente 1,7 mil brasileiros que estão na região do conflito entre Israel e o Hamas pediram ajuda ao governo federal para voltar para casa. Para repatriá-los, o Ministério das Relações Exteriores e Força Aérea Brasileira (FAB) organizaram uma operação de resgate desses cidadãos. Serão realizados, inicialmente, cinco voos de Israel para o Brasil, mas o MRE estima que serão necessários mais 10.

A primeira aeronave da FAB, um KC-30 com capacidade para 210 passageiros, que chegou a Roma ontem, está pronta para seguir destino a Tel Aviv. Outra aeronave semelhante, que partiu de Brasília nesta segunda-feira, deve aguardar na capital italiana pela autorização das autoridades israelenses.

A previsão é que hoje, pelos próximos quatro dias, saia um voo diário da FAB às 6h de Brasília (meio-dia no horário de Israel) do aeroporto Ben Gurion, na capital israelense. Nos cinco voos planejados, será possível fazer a repatriação de pelo menos 900 brasileiros, número que representa apenas metade das solicitações de retorno que o Itamaraty recebeu até ontem.

O registro de interesse na repatriação pode ser feito via formulário on-line, no site da embaixada brasileira em Israel. Os interessados têm sido, em sua maioria, turistas hospedados em Tel Aviv e Jerusalém. Os brasileiros serão acomodados em uma lista de prioridades que atenderá, em um primeiro momento, aos residentes permanentes no Brasil.

O governo federal desaconselha deslocamentos para a região. Avisa ainda que, em função da incerteza quanto ao momento em que poderão ser disponibilizados os voos, o Itamaraty tem reforçado a recomendação de que todos que tenham passagens aéreas ou condições de adquiri-las, embarquem o mais breve possível nos voos comerciais ainda disponíveis. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, até o momento dois brasileiros estão desaparecidos na região — o corpo de Ranani Glazer foi encontrado.

RepatriaçãoIsrael
RepatriaçãoIsrael (foto: Valdo Virgo)

O escritório de representação diplomática brasileira em Ramalá, cidade palestina na Cisjordânia, em coordenação com a embaixada do Brasil no Cairo, capital do Egito, está implementando um plano de evacuação de brasileiros da região, que somam, até o momento, 25 pessoas.

Os plantões consulares da embaixada em Tel Aviv [ 972 (54) 803 5858] e do escritório de representação em Ramalá [ 972 (59) 205 5510], com WhatsApp, permanecem abertos aos brasileiros em situação de emergência.

Yanai Gilboa, brasileiro de 59 anos, contou ao Correio que foi acordado, sábado, ao som de sirenes. "Estava com a minha família em casa. Era um feriado religioso, então todo mundo estava tranquilo. Quando tem sirene, você tem 15 segundos para chegar no abrigo, que é um bunker dentro de casa", relatou.

Paulista de nascimento, Yanai se mudou para Israel aos três anos de idade. Ele conta que a família ajudou a fundar o kibutz Bror Hayil, do qual pelo menos metade da população é de origem brasileira. A comunidade fica a 7km da Faixa de Gaza, onde se concentram os conflitos. Ele assegura que os brasileiros residentes em Israel não querem deixar suas casas.

"Não acho que tem brasileiro que tomou a decisão de viver aqui pensando em voltar ao Brasil. Talvez tenha estudantes, jovens que estão passando um período aqui ou passeando, que podem tomar a decisão. Mas não é a situação em Bror Hayil. Pode ser que nossa moral esteja baixa, mas temos que aguentar", disse, resignado.

Reservista do exército israelense, Yanai não acha que a guerra cessará brevemente. "Quando se sai para a guerra, você tem que enxergar objetivos pacíficos, políticos, não só militares. Lamentavelmente, não conseguimos, nos últimos 20 anos, chegar a um acordo de paz", afirmou.

*Colaborou Henrique Fregonasse, estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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