CONSULTA PÚBLICA

Governo avalia ampliar vacinação contra o pneumococo no SUS

Bactéria é uma das mais perigosas e comum entre crianças e pessoas com imunidade comprometida

A pneumonia é uma doença causada por bactérias, fungos ou vírus que afetam o pulmão (Imagem: HobbitArt | Shutterstock) -  (crédito: EdiCase)
A pneumonia é uma doença causada por bactérias, fungos ou vírus que afetam o pulmão (Imagem: HobbitArt | Shutterstock) - (crédito: EdiCase)

O Ministério da Saúde estuda ampliar a proteção contra uma das bactérias mais perigosas e comuns entre crianças e pessoas com imunidade comprometida: o pneumococo. Por isso, duas consultas públicas estão abertas até 11 de novembro buscam ouvir especialistas e a população sobre a possibilidade de incluir novas vacinas, com cobertura mais ampla, no Sistema Único de Saúde (SUS).

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

Hoje, o Brasil enfrenta uma alta incidência de doenças pneumocócicas, responsáveis por casos graves de pneumonia, meningite e otite, além de serem a principal causa de morte infantil evitável por vacinação.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Entenda o que está em discussão

O Ministério da Saúde, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), avalia substituir as vacinas atualmente usadas por versões mais modernas. Entre as propostas estão a adoção das vacinas pneumocócicas conjugadas 13-valente, 15-valente ou 20-valente para crianças de até cinco anos e da 20-valente em dose única para pessoas com imunidade comprometida.

Atualmente, as crianças recebem no SUS a vacina 10-valente, que protege contra 10 tipos de pneumococo. As novas opções podem ampliar essa proteção para até 20 sorotipos, incluindo cepas associadas à resistência a antibióticos — um dos maiores desafios no tratamento dessas infecções.

Desenvolvida pela Pfizer, a vacina pneumocócica 20-valente conjugada (Prevenar 20) é o único imunizante aprovado no Brasil que oferece proteção contra os 20 sorotipos de pneumococo de maior impacto epidemiológico no mundo: 1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 8, 9V, 10A, 11A, 12F, 14, 15B, 18C, 19A, 19F, 22F, 23F e 33F6. O imunizante passou a ser oferecido pelos centros e clínicas de vacinação particulares do país no ano passado. "Atualmente, com a Prevenar-20, temos a chance de ofertar a vacina conjugada com a mais ampla cobertura do País, colocando nossa ciência a favor da saúde dos brasileiros mais uma vez", diz a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro.

Quem pode ser beneficiado

A proposta do governo foca em dois grupos considerados mais vulneráveis:

  • Crianças de até 5 anos: alvo da Consulta Pública nº 87/2025, que avalia a substituição da vacina atual por versões com cobertura mais ampla.

  • Pessoas imunocomprometidas: foco da Consulta Pública nº 85/2025, que inclui pacientes com HIV, câncer, diabetes ou que passaram por transplantes. Para esse grupo, o plano é oferecer a vacina 20-valente em dose única a partir dos cinco anos.

O pneumococo (Streptococcus pneumoniae) é uma bactéria que pode causar desde pneumonia bacteriana até meningite grave, responsável por 30% de mortalidade nos casos hospitalizados e por sequelas neurológicas severas, como perda auditiva e paralisia cerebral.

Segundo o médico Werciley Júnior, chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia, o impacto da doença vai muito além dos números de internação. “Quando uma criança é internada, não é só ela que fica afastada. Os pais também precisam acompanhar, o que traz um custo social importante”, explica o especialista.

Ele destaca que a vacinação é a forma mais eficiente de reduzir hospitalizações e complicações graves. “A ampliação da faixa etária e da cobertura vacinal diminui o risco de exposição das populações mais fragilizadas e reduz a letalidade dessas infecções.”

Essa atualização pode representar um salto importante na prevenção de pneumonias graves e meningites, além de ajudar a reduzir internações e gastos hospitalares no sistema público de saúde.

Consulta pública

As consultas públicas seguem abertas até 11 de novembro de 2025. Após esse período, o Ministério da Saúde analisará as contribuições e decidirá sobre a incorporação das novas vacinas ao calendário nacional de imunização.

Se aprovada, a mudança poderá ampliar a proteção de milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis. Como resume o infectologista Werciley Júnior: “Vacinar é prevenir não só a doença, mas também o impacto social e emocional que ela causa nas famílias.”

 

  • Google Discover Icon
postado em 30/10/2025 12:39 / atualizado em 30/10/2025 13:31
x