A Polícia Civil de São Paulo localizou e fechou, nesta sexta-feira (10/10), uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que é considerada a provável origem da contaminação por metanol que resultou em cinco mortes confirmadas no estado.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a fábrica utilizava etanol, adquirido em postos de gasolina, na produção irregular das bebidas falsificadas. A suspeita principal é que o metanol, uma substância altamente tóxica, chegou às bebidas após os falsificadores comprarem o etanol já contaminado.
A linha de investigação considera a possibilidade de que o metanol contaminante tenha origem na adulteração de etanol por organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que lucra com a adulteração de combustíveis.
O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, apontou que a alta concentração de metanol nas bebidas — chegando a 45,1% em algumas garrafas e, em certos casos, consistindo apenas em metanol sem álcool etílico — indica que o produto foi adquirido no mesmo posto ou rede de postos. Derrite explicou que, ao tentar falsificar a bebida, os responsáveis compraram etanol já falsificado com metanol.
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“Ou seja, o crime organizado adulterava o etanol para lucrar, e esse etanol contaminado acabou sendo usado por falsificadores de bebidas", disse Derrite em coletiva de imprensa.
A fábrica desmantelada estava diretamente ligada à primeira morte registrada no estado. Investigações rastrearam garrafas consumidas pela vítima em um bar na Mooca, zona Leste da capital, onde a perícia detectou metanol em oito de nove amostras.
Em depoimento, o dono do bar confessou ter comprado as garrafas de uma distribuidora não autorizada. Uma pessoa, proprietária do local, foi presa em flagrante em São Bernardo do Campo, podendo responder por falsificação e adulteração de produtos alimentícios. Ao todo, oito suspeitos foram conduzidos para prestar esclarecimentos.
Os responsáveis pela adulteração podem responder por crimes como associação criminosa e homicídio culposo. Enquanto a SSP levanta a hipótese do envolvimento do crime organizado na raiz da contaminação do combustível, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, havia anteriormente descartado essa ligação na produção das bebidas.
Outras hipóteses, incluindo a de que os falsificadores usaram o metanol sem saber da sua alta concentração no etanol, ou que ele tenha sido utilizado por engano na higienização de garrafas reaproveitadas, também são consideradas nas investigações, que se estenderam a endereços em São Caetano do Sul e na capital paulista.
*Estagiário sob a supervisão de Ronayre Nunes
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