Conjuntura

Repercussão de casos de feminicídio faz Lula se manifestar

Em evento da Petrobras, Lula cita feminicídios, diz que "morte é suave" como pena para punir agressores e conclama homens a entrarem no movimento de combate à violência e a educarem os meninos a serem respeitosos

 Na cerimônia na Refinaria Abreu e Lima, Lula direcionou boa parte do discurso para falar sobre violência contra as mulheres -  (crédito:  Ricardo Stuckert / PR)
Na cerimônia na Refinaria Abreu e Lima, Lula direcionou boa parte do discurso para falar sobre violência contra as mulheres - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

Após a repercussão de graves casos de violência contra a mulher nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, ontem, um duro discurso cobrando que os homens se responsabilizem pela conscientização e defendendo que "até a morte é suave" para punir agressores. Lula citou uma série de casos de grande repercussão e disparou críticas contra os agressores. Segundo ele, a primeira-dama, Janja da Silva, pediu ação mais firme ao presidente. 

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

"O que está acontecendo na cabeça desse animal, que é tido como a espécie mais inteligente do planeta Terra, para tanta violência? Acordei domingo para tomar café, a Janja começou a chorar. De noite, vendo o Fantástico, voltou a chorar. Ontem, voltou a chorar. Hoje, no avião, ela pediu para mim: Lula, assuma a responsabilidade de uma luta mais dura contra a violência do homem contra a mulher", discursou o presidente durante cerimônia de expansão da Refinaria Abreu e Lima, na grande Recife, Pernambuco. O complexo é da Petrobras.

Entre os casos citados por Lula em seu discurso estão os de Tainara Souza Santos, que foi atropelada e arrastada por mais de um quilômetro por Douglas Alves da Silva no sábado, em São Paulo, após discutirem em um bar. A vítima teve as duas pernas amputadas devido à gravidade das lesões.

Também na capital paulista, na segunda-feira, Bruno Lopes Barreto atirou com duas armas contra a ex-companheira, por não aceitar o fim da relação. A mulher foi levada em estado grave ao hospital.

Outro caso citado por Lula ocorreu em Recife. Um homem provocou um incêndio na prória casa, matando a mulher dele e os quatro filhos, ainda crianças. O suspeito foi linchado por outros moradores.

"O código penal brasileiro tem pena para fazer justiça a um animal irracional como esse? Nós temos pena para isso? Se o cara tiver dinheiro, ele fica dois anos preso, e vai para a rua bater em outra mulher", disse ainda Lula. "Não existe pena para punir um cara desse, porque até a morte é suave", acrescentou. O presidente também citou o caso do ex-jogador de basquete Igor Eduardo Cabral, que espancou a namorada com 60 socos dentro de um elevador, em julho deste ano. "Aquele cara que bateu na moça com 60 socos na cara dela, que pena merece ele? O cara passou 50 anos fazendo musculação, todo bombado, para quê? Para bater em mulher?", questionou Lula.

O chefe do Executivo defendeu que é responsabilidade dos homens combater a violência contra a mulher e educar os próprios filhos e colegas. Defendeu ainda que fará uma campanha e um "movimento nacional" para combater as agressões. "Se não está bem com a companheira, seja grande. Não bata nela, separe-se. Não aprisione essa pessoa, não seja malvado, não seja ignorante", enfatizou.

Números

O estado de São Paulo voltou a registrar alta significativa nos casos de morte por questões de genero. Entre janeiro e outubro deste ano, a unidade da Federação alcançou o maior número de mortes de mulheres por violência de gênero desde que a lei do feminicídio entrou em vigor, em 2015. No período, foram 207 casos em todo o estado, sendo 53 somente na capital.

Os dados foram levantados com base nos números divulgados no Portal da Transparência da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo. São considerados apenas os feminicídios consumados, ou seja, não estão inclusas as tentativas de feminicídio, como o caso da mulher que foi atropelada e arrastada por mais de 1km no sábado.

O avanço de casos chamou a atenção em meio a episódios recentes que chocaram o país, como a tentativa de feminicídio na Marginal Tietê e o ataque a tiros contra uma funcionária dentro do local de trabalho. Os dois crimes aconteceram em menos de dois dias e escancararam a escalada da violência contra mulheres em SP.

No Distrito Federal, o cenário segue a mesma tendência. Entre janeiro e outubro, 24 mulheres foram assassinadas por motivo de gênero, número superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

 


  • Google Discover Icon
JA
postado em 03/12/2025 03:38
x