
A Defesa Civil de Belo Horizonte manteve a interdição, na manhã deste domingo (21/12), do prédio da empresa Emive, atingido por um incêndio na tarde desse sábado (20/12), no Bairro São Bento, Região Centro-Sul de Belo Horizonte (MG). A interdição é devido a constatação de risco iminente de desabamento parcial da estrutura.
Segundo Marcos Vinícius Vitório, agente de proteção da Defesa Civil, há possibilidade de colapso devido aos danos provocados pelo fogo. “Realizamos uma vistoria complementar, teve uma equipe que veio pela madrugada. Agora detectamos o risco de queda da fração remanescente do anexo, considerando que já desceu um telhado e há risco de uma laje”, afirmou.
Os prédios vizinhos também passaram por avaliação técnica. De acordo com o tenente Felipe Biasibette do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, a área mais atingida foi a parte dos fundos da edificação, onde possivelmente o incêndio teve início. “O restante do prédio, até o último andar, está acessível sem necessidade de equipamentos de proteção. A alvenaria ainda está quente, mas a maior parte da fumaça já se dissipou. Um caminhão com água permanecerá em ponto base para fazer uma prevenção e intervenção em qualquer tipo de reignição. Não há mais incêndio ativo, apenas alguns focos de fumaça”, explicou.
A principal suspeita é que o fogo tenha começado no almoxarifado da empresa, atingindo com mais intensidade o primeiro e o segundo andares. As causas do incêndio ainda não foram determinadas. A Polícia Civil de Minas Gerais chegou a iniciar a perícia no local, mas os trabalhos foram suspensos devido à grande concentração de fumaça no interior do prédio. A expectativa é de que a análise técnica seja retomada ainda na tarde deste domingo.
Mesmo horas depois do incêndio, ainda era possível ver fumaça saindo do prédio da Emive, localizado na Avenida Raja Gabaglia. Um funcionário da empresa, que preferiu não se identificar e não estava no local no momento do fogo, informou que as chamas consumiram principalmente os fundos do edifício, enquanto a fachada permaneceu preservada.
Segundo ele, os clientes não foram afetados, já que a Emive possui mais de um prédio na mesma avenida. O imóvel atingido abriga os setores administrativo e operacional, mas um edifício vizinho, onde funciona a Central de Serviços Compartilhados, conta com backup completo dos sistemas, o que garantiu a continuidade das operações. “No prédio ao lado há um sistema de backup, então todos os serviços seguem funcionando normalmente”, explicou o funcionário.
Na área externa, diversas garrafas plásticas foram vistas em uma lixeira em frente ao prédio, possivelmente utilizadas pelas equipes dos bombeiros durante o combate às chamas. Parte da estrutura de um prédio da BMW, localizado ao lado da Emive, também foi danificada pelo incêndio.
Incêndio
Um dos bombeiros que atendeu a ocorrência precisou ser socorrido pelo Samu, assim como outra vítima do incêndio. Houve queda de estruturas internas, como paredes e divisórias.
Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), foram socorridos uma mulher, de 38 anos, encaminhada para uma unidade hospitalar, e um homem, de 28 anos, atendido no local. Os dois seriam, respectivamente, uma funcionária do prédio, que abriga uma empresa de segurança eletrônica, e um dos bombeiros que participou do combate às chamas.
A reportagem do Estado de Minas registrou o combatente sendo levado de maca para uma ambulância. A corporação informou que o militar foi socorrido por precaução, devido a um mal-estar causado pelo excesso de calor no local, e não apresentou ferimentos nem sinais de intoxicação.
O capitão João Gustavo, do Corpo de Bombeiros, explicou que, num primeiro momento, os combatentes tentaram combater as chamas diretamente no foco do incêndio, por dentro do prédio, mas, devido às altas temperaturas, tiveram de recuar. Posteriormente, a estratégia passou a ser resfriar as chamas pela parte de trás do prédio, já que o calor, de quase 2.000 ºC, impede qualquer aproximação dos militares.
“A gente ainda está apurando, mas (ele teve) um fenômeno chamado hiperemia, ele superaqueceu, mas já está bem, tomou um soro ali. Tivemos outra pessoa também que foi socorrida e conduzida ao hospital pelo Samu, mas foi intoxicação leve", explicou.
Segundo o capitão, a temperatura atingiu números tão altos devido ao tipo de material consumido pelas chamas. Por se tratar do escritório de uma empresa de segurança eletrônica, há muitos computadores, fios e equipamentos eletrônicos altamente combustíveis. Outra ameaça são os próprios mobiliários de escritório, como divisórias de baías. Esse material, ao ser queimado, produz uma fumaça muito tóxica e densa - o que dificulta a visibilidade.
"Nós estamos com dois caminhões, com quase 50 mil litros d'água, fazendo esse combate pela parte de trás, aguardando fazer o resfriamento dessa fumaça para que a gente possa entrar. (...) Fica impossível pra gente entrar neste momento com condições de segurança", explicou.
O prédio possui laudo de vistoria dos bombeiros. As chamas consumiram quatro dos cinco andares. Foram empenhadas 13 viaturas e 39 militares.
O que diz a empresa
Em nota divulgada à imprensa, a Emive Segurança Eletrônica informou que o incêndio ocorreu em uma área restrita e que, devido à descentralização dos seus escritórios e redundância dos sistemas, nenhum dos seus serviços foi comprometido. Ainda segundo a empresa, havia 12 pessoas no edifício no momento do incêndio, sendo que duas passaram por atendimento médico e já foram liberadas.
"Reafirmando nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de nossos colaboradores, o edifício encontrava-se totalmente regularizado e contava com brigadista no local no momento do incidente, o que contribuiu para a rápida atuação e controle da situação", disse a empresa na nota.

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