VIOLÊNCIA

Familiares das vítimas de chacina no Incra 9 vivem clima de revolta

Amigos e parentes questionam o crime brutal cometido por Lázaro, que na última semana matou quatro membros da família Vidal

Edis Henrique Peres
postado em 14/06/2021 16:11
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Na manhã desta segunda-feira (14/6), a equipe do Correio visitou, novamente, a casa da família Vidal, local onde Cláudio Vidal, 48 anos, e os dois filhos, Carlos Eduardo Marques, 15, e Gustavo Marques, 21, foram assassinados por Lázaro Barbosa, que segue foragido próximo a Cocalzinho (GO). Após o enterro da família nesta manhã, no Cemitério de Taguatinga, alguns familiares voltaram para a casa da família no Incra 9.

Os amigos e parentes próximos, quando a equipe de reportagem chegou ao local, estavam sentados em uma mesa na área, casa vizinha de onde ocorreu o assassinato de Cláudio e dos dois filhos, e de onde Lázaro sequestrou Cleonice. Ainda desacreditados da crueldade do crime, familiares lanchavam na mesa enquanto recordavam os momentos com a família Vidal. O clima, de saudades e revolta, era marcado pelo olhar distante e pelas lágrimas. Os familiares mais próximos preferiram não dar depoimento.

Zacarias José Soares, 49 anos, conhecido como Mineirinho da Pamonharia e morador do Incra 9, estava no local para dar apoio aos amigos. “A gente conhece os irmãos de Cláudio da Paróquia São Paulo. Estivemos no cemitério durante o enterro para realizar orações e homenagear a família. Eles eram trabalhadores, se dedicavam ao trabalho com a terra e nunca tiveram problema com ninguém. Agora, todos estão com medo, não apenas quem mora aqui na região, mas todo o DF e todos os lugares em que esse homem (Lázaro) já passou”, relata.

Zacarias conta que a família era muito unida e religiosa. “Eles sempre estavam reunidos, trabalhavam juntos, eram muito alegres. Ninguém acredita na crueldade de como tudo aconteceu. Mas pedimos para Deus abençoar a família. Esse criminoso não fará mais nenhum mal e será capturado logo”, destaca o comerciante.

Uma das primas de Cleonice, que não quis se identificar, descreveu o crime como uma barbárie. “É uma dor enorme que a gente está sentindo, ainda não caiu a ficha da barbaridade que aconteceu na nossa família”.

Insegurança

Devido ao clima de insegurança, os policiais, em turnos, vigiam o endereço onde a família Vidal residia e onde outros familiares ainda vivem. “As pessoas estão com medo devido a como o caso aconteceu. Por isso, para dar apoio à família, estamos monitorando o dia todo a região, geralmente com viaturas de dois policiais. Ficamos 24h aqui, para prestar esse suporte. Até porque a forma como o criminoso age não é natural, é algo demoníaco”, diz o subtenente Alves Moreira, um dos responsáveis pela ronda.

Relembre

Na última quarta-feira (9/6), Lázaro Barbosa matou a família em uma chácara no Incra 9, em Ceilândia Norte. Nos dias seguintes, ele invadiu propriedades e fez reféns, além de atirar em três vítimas. Durante a fuga, Lázaro sequestrou a empresária Cleonice, esposa de Cláudio e mãe dos dois meninos assassinados.

Minutos antes da entrada do criminoso na casa, Cleonice ainda conseguiu, por telefone, pedir socorro ao irmão. Quando ele chegou, os sobrinhos estavam mortos e o cunhado, agonizando, avisou que o criminoso tinha levado Cleonice. Dois dias depois do crime, o corpo de Cleonice foi encontrado em um córrego próximo à BR 0-70.

 

 

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