Coronavírus

GDF suspende antecipação da segunda dose contra covid-19 para reavaliar medida

Proposta anunciada pelo Executivo local no início da semana colocava professores no primeiro grupo a receber reforço de vacina contra a covid-19 após dois meses da primeira aplicação. Decisão fica suspensa até que haja orientação do Ministério da Saúde

Samara Schwingel
postado em 16/07/2021 06:00
Secretaria de Saúde aguarda posicionamento do governo federal para retomar proposta -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Secretaria de Saúde aguarda posicionamento do governo federal para retomar proposta - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Após anunciar como certa a antecipação da segunda dose para profissionais da área de educação vacinados com imunizantes da Oxford/AstraZeneca e Pfizer, o Governo do Distrito Federal (GDF) levou o plano de volta à fase de análises. A decisão ocorreu após manifestação contrária à medida por parte do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Enquanto isso, com a chegada de 62 mil imunizantes contra a covid-19 nessa quinta-feira (15/7), o Executivo local ampliou a campanha de imunização para pessoas a partir de 40 anos. Às 15h, haverá abertura de 46,5 mil vagas para esse público, pelo site vacina.saude.df.gov.br.

O Executivo local anunciou as mudanças na quinta-feira (15/7), durante coletiva no Palácio do Buriti. O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, declarou que a decisão de não aplicar o reforço das vacinas após 60 dias — ao contrário do previsto no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 — ocorreu após reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Os profissionais da área de educação que receberiam as doses antecipadamente na próxima terça-feira (20/7) não serão mais atendidos, por enquanto, e deverão aguardar os três meses recomendados para contar com o reforço. “Tínhamos feito uma programação, mas, ontem (quarta-feira), participamos de uma agenda no Gama com o ministro (da Saúde). Ele fez uma abordagem nacional solicitando que não houvesse essa antecipação”, declarou Okumoto. “Ainda conversamos com a equipe responsável pelo plano, para observarmos as recomendações de bula determinadas pelas fabricantes”, completou o secretário.

Para o presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaez, do ponto de vista médico, não há problema na antecipação do reforço. “É algo que, no caso da Pfizer e da AstraZeneca, está previsto na bula. A da Pfizer prevê, no mínimo, 21 dias de intervalo, e a da AstraZeneca, de quatro a 12 semanas”, compara. O especialista considera que a diminuição do intervalo entre doses poderia auxiliar no combate à pandemia e à disseminação de variantes como a Delta — detectada primeiro na Índia e com casos confirmados em Goiás. “Contra essa cepa, a pessoa só está protegida com as duas doses. Por isso, a antecipação seria boa”, acrescenta José David.

Novos grupos

O secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, afirmou que o atendimento ao novo público começa no sábado (17/7). Além dos separados às pessoas a partir de 40 anos, 10% das 62 mil serão destinadas à reserva técnica e cerca de 8,8 mil, à população em situação de vulnerabilidade social. Outras 500 terão como alvo pessoas com comorbidades. O representante do GDF não soube informar se a remessa fazia parte das entregas regulares do Ministério da Saúde ou das 250 mil extras, previstas para repor as doses aplicadas em pessoas de fora do DF.

Com as unidades do próximo lote enviado pelo governo federal, grávidas e puérperas voltarão a receber atendimento sem precisar agendar. Para as lactantes, Gustavo Rocha afirmou que a Secretaria de Saúde aguarda receber doses específicas para o grupo. Após a inclusão de bancários e funcionários dos Correios no plano nacional de vacinação, o GDF aguarda receber uma lista atualizada por parte das entidades que representam as categorias para dar início à convocação.

O chefe da Casa Civil anunciou ainda que, entre 24 e 25 de julho, haverá repescagem da vacinação para pessoas de 50 a 59 anos. Não será preciso agendar. “Há 8 mil pessoas dessa faixa etária que não se imunizaram”, informou Gustavo Rocha. Após o período, as doses remanescentes serão destinadas a outros grupos. “Esse processo é justamente para chamar aqueles que ainda não foram vacinados. Esse grupo poderá ir direto ao ponto de atendimento”, reforçou.

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Partidas em estádios com público


O governador em exercício no DF, Paco Britto (Avante), publicou, ontem, um decreto que autoriza a realização de jogos esportivos profissionais e amadores com público nos estádios da capital federal. As partidas poderão ocorrer com até 25% da capacidade total da arena, e os torcedores deverão apresentar teste negativo contra a covid-19, bem como comprovante de vacinação na entrada dos estádios. A venda de ingressos só será permitida pela internet.

O texto saiu em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Para terem a entrada liberada, os torcedores terão de levar os seguintes documentos: comprovante original de imunização contra a covid-19, com registro de aplicação do reforço ou da dose única pelo menos 15 dias antes da partida, e resultado negativo em exame de detecção da covid-19, feito com, no máximo, dois de antecedência.

A verificação das informações ficará sob responsabilidade da organização do evento e da administradora do local, nos casos de arenas, ginásios ou estádios públicos disponibilizados para particulares. Em caso de descumprimento das regras, há previsão de multa de R$ 1 mil, para pessoa física, e de R$100 mil, para pessoa jurídica ou à concessionária do espaço. A aplicação de penas administrativas também consta no decreto.

O uso de máscara continua obrigatório, e pessoas com menos de 18 anos ou gestantes não poderão entrar. O documento proíbe, ainda, a venda de bebidas e alimentos fora de áreas pré-estabelecidas. A Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) fiscalizará o cumprimento das normas. Mesmo com as regras, o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Walter Ramalho afirma que há grande risco de disseminação da covid-19. “Existem pessoas que fraudam testes e comprovantes. Além disso, até que conheçamos mais dessa doença e tenhamos vacinação avançada, é preciso que nos resguardemos, para evitar uma nova onda”, ressalta o especialista (leia mais na página 20).

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