Economia

Ceasa movimentou R$ 1,3 bilhão, com 337 toneladas de alimentos em 2021

Responsável por 25% do consumo interno de hortifrúti da capital federal, no ano passado, a central de abastecimento comercializou 337 mil toneladas de alimentos, no atacado e no varejo. Cerca de 15 mil pessoas passam pelo local por dia

Ana Maria Pol
postado em 18/02/2022 06:00
Projeto, em análise no TCU, pretende transformar a central de abastecimento em um polo de artesanato e gastronomia -  (crédito:  Ed Alves/CB)
Projeto, em análise no TCU, pretende transformar a central de abastecimento em um polo de artesanato e gastronomia - (crédito: Ed Alves/CB)

Polo de concentração da produção de hortaliças e frutas, o Centro Estadual de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), localizado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), é uma cidade dentro da capital do país. Cerca de 15 mil pessoas passam pelo local diariamente, movimentando, em 2021, R$1,3 bilhão, o que representa 337 mil toneladas de alimentos comercializados, segundo o levantamento da organização.

Presidente da Ceasa, Fábio Sousa avalia que o centro de abastecimento é de fundamental importância para o DF. Isso, porque o espaço é responsável por cerca de 25% do consumo interno da capital federal. "É um volume acima da média, em relação aos outros estados. Os outros locais que possuem centrais de abastecimento movimentam entre 5% a 10%, então, o nosso valor é alto", comemora. Fábio explica que a comercialização tem aumentado ao longo dos últimos anos: em 2020, o valor movimentado foi de R$ 1,1 bilhão, R$ 200 mil a menos do que em 2021. "Com as pessoas ficando mais em casa, o consumo aumentou e, por isso, o volume de produtos vendidos cresceu", argumenta.

O funcionamento da Ceasa se dá de diferentes formas: de segunda-feira a sábado, empresários comercializam nos pavilhões permanentes, os chamados boxes. "São 253 lojas e cerca de 159 empreendedores. Alguns possuem cerca de dois a três boxes", diz Fábio Sousa. Aos sábados, ocorre o varejão, espaço voltado para o varejo de hortifrutigranjeiros. Nesse caso, são 290 comerciantes cadastrados, além de produtores da agricultura familiar. "São cerca de 30 associações cadastradas, que representam três mil agricultores. O volume deles costuma ser pequeno, mas vendem tanto em atacado quanto em varejo". Por fim, há o mercado livre do produtor, em que 492 produtores fazem vendas por atacado.

Produtos diversos

Ponto de grande vigor econômico do DF, a Ceasa concentra compradores e vendedores. Um projeto em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU) planeja criar o Mercado Central de Brasília, nos mesmos moldes do Mercado de São Paulo ou do Rio de Janeiro. "Vai ser um grande polo de artesanatos e gastronômico, não só regional, mas internacional, devido às embaixadas que temos na capital. Por isso, estamos fazendo um trabalho de revitalização", garante Fábio Sousa. A previsão é iniciar a licitação em março, e começar as obras este ano, para entregar em 2023.

Dentre as pessoas que recorrem ao centro de abastecimento, está o produtor rural José Maria da Silva, 49 anos, que bate ponto todas as segundas e quintas-feiras, 5h da manhã, faça chuva ou faça sol. Ele é um dos comerciantes que mantém como foco a produção de alimentos em caixaria. Chuchu, cenoura, beterraba, tomate, couve flor e abobrinha fazem parte da lista do que José comercializa. "Temos uma venda atacada e, no geral, vendemos para grandes mercados do DF e alguns donos de restaurante", conta.

O negócio, que está na família há 44 anos, atualmente é inscrito no Cadastro Nacional de Agricultura Familiar da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF). José revela que trabalha na Ceasa há 31 anos e nunca faltou a uma feira. "Lá, consigo vender o preço direto, sem ter qualquer tipo de atravessador. Consigo trabalhar, hoje, com clientes que fazem o pagamento em dinheiro ou à vista e, dessa forma, consigo administrar melhor minhas contas e pagar meus funcionários. Além do fato de que lá, há maior facilidade de fechar negócios bons, por conta do grande movimento", ressalta o produtor rural.

Maria Jucilene produz folhagens e compra legumes na Ceasa
Maria Jucilene produz folhagens e compra legumes na Ceasa (foto: Ed Alves/CB)

Maria Jucilene de Lima Sousa, 49, vende vegetais para restaurantes do DF. Na chácara onde mora, no Incra 9, ela planta folhagens, mas para atender aos clientes, a produtora recorre à Ceasa para completar portfólio de vendas. "Nós temos dois hectares de terra, e é difícil. Ou mexemos com caixarias, ou folhagens, porque a variedade de produtos que entrego é grande. Então, costumo ir para o Ceasa comprar aquilo que não planto, como cenoura, beterraba, berinjela, abóbora", exemplifica.

Balizadora de preços

Professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo explica que a Ceasa é um entreposto de grande importância, sobretudo para Brasília. "Os produtos comercializados servem de balizadores para os preços praticados nos diversos pontos de distribuição, desde mercadinhos até hipermercados", ressalta.

De acordo com o economista, a Ceasa contribui decisivamente no equilíbrio da demanda e oferta de hortifrutigranjeiros e produtos rurais em geral. "Ajuda tanto produtores quanto consumidores e empresta grande dinamização para escoamento da produção desses produtos", completa. No caso do DF, César diz que serve, ainda, de apoio para escoamento da produção e de vetor para o setor no planejamento das plantações e dos criadouros de animais.

O professor ressalta que os consumidores observam na Ceasa a oportunidade de comprar produtos de qualidade com um valor menor. "Podemos notar que eles se organizam em grupo para adquirir grandes quantidades e baratear o preço unitário do produto. É um procedimento economicamente correto e deve ser incentivado para que as famílias possam economizar", finaliza.

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