Coleção

Apaixonado por relíquias, pioneiro de Taguatinga tem próprio museu em casa

Álvaro Calzá, 74, conta que foi a partir de um dos empreendimentos criados por ele, em Taguatinga, que surgiu a ideia de montar o acervo de itens superados por novas tecnologias

Arthur de Souza
postado em 02/07/2022 10:32
Apesar dos altos valores que os objetos podem ter, Álvaro afirma que nem passa pela sua cabeça se desfazer de algum deles. -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Apesar dos altos valores que os objetos podem ter, Álvaro afirma que nem passa pela sua cabeça se desfazer de algum deles. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Brasileiro naturalizado, o italiano Álvaro Calzá, 74 anos, vive em Taguatinga desde os 13 anos de idade. Apaixonado pela cidade, decidiu montar dois negócios. E foi de um deles — a loja Taguavídeo — que surgiu a ideia de criar uma invejável coleção objetos superados pelas novidades tecnológicas. “Foi em 1987. Tínhamos os equipamentos para trabalhar e, na hora de fazer as devidas trocas e atualizações, não jogávamos fora os antigos”, conta.

O ponto de partida para a coleção foi uma câmera filmadora utilizada na Taguavídeo. “Atualmente, a que está aqui não é a mesma que tínhamos na época”, ressalta Álvaro. Outro xodó é uma máquina fotográfica que viu funcionando “ao vivo e em cores”, em 1968. “Era do meu tio. Lembro que ele chegou da Itália naquele ano e sacou a câmera para tirar fotos da família na Cantina Alpina, um comércio que eu tinha”, recorda.

Além de guardar itens do próprio negócio que foram ficando obsoletos com o tempo, a paixão de Álvaro passou a ser alimentada pelas doações de familiares. “Com o passar dos anos, e com o surgimento das tecnologias mais modernas, eu fui ganhando alguns equipamentos, além de comprar e de achar outros”, comenta. “É assim que funciona: compro, ganho, compro, ganho… Parte desses objetos estão num estoque porque não tenho lugar para expor tudo”, lamenta o ítalo-brasileiro.

Raridade

Questionado sobre quais, entre tantos objetos, ele destacaria, Calzá exibe uma calculadora fabricada na Ucrânia e comprada pela internet. “Na época, gastei cerca de US$ 50 e o frete foi mais caro do que a própria máquina. Lembro de ter ficado com muito medo dela não chegar”, admite. “Hoje em dia, ela está avaliada em, no mínimo, US$ 350”, observa o pioneiro.

Mais do que o valor dos itens, Álvaro afirma que nem passa pela sua cabeça se desfazer deles. “Nem penso em vender, porque o valor sentimental é muito maior do que qualquer dinheiro que eu possa receber”, frisa. “Eu teria mais satisfação em pagar para eles ficarem expostas aqui”, brinca, reforçando seu amor pela coleção.

  • Álvaro conta que começou a colecionar os objetos em 1987, quando comandava a Taguavideo. Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • A coleção vai desde aparelhos de televisão até telefones celulares, todos de diversas gerações. Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • As câmeras fotográficas são os itens que ele mais gosta da coleção. Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Paixão publicada

O amor por Taguatinga é tão grande, que Álvaro decidiu escrever um livro contando as vivências da família dele durante 40 anos na cidade. “Quando me aposentei, comecei a me cobrar que deveria documentar o que eu e minha família passamos na juventude, em Taguatinga”, conta.

O pontapé foi em 2015 e Calzá passou quase um ano se dedicando a ele. Só que, depois disso, ele afirma que deu uma pausa — também de um ano — porque não sabia como terminar. “Certo dia, no entanto, me deu um estalo e decidi que o último capítulo seria ‘50 anos em um capítulo’, contando a história desde o ano em que me casei, até 2017”, recorda. Segundo Álvaro, alguns amigos cobraram um segundo livro. “Falo ‘de jeito nenhum, tá bom demais!’ Acho que o livro lançado já traduz bem minha vida aqui em Taguatinga”, conclui.

Álvaro escreveu um livro que retrata sua longa trajetória em Taguatinga.
Álvaro escreveu um livro que retrata sua longa trajetória em Taguatinga. (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

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