ELEIÇÕES 2022

Eleitores se reúnem em bares para acompanhar a apuração no DF

Unidos em redutos petistas, eleitores acalentaram esperanças e choraram decepções, em frente a telões que exibiam, em bares, os percentuais das eleições

Ricardo Daehn
postado em 03/10/2022 00:04 / atualizado em 03/10/2022 00:06
União pela política: Pedro Fernandes, motorista; Alessandra Beserra, síndica, e os assistentes sociais Lúcia Araújo e Nilson Pereira -  (crédito:  Ricardo Daehn/CB)
União pela política: Pedro Fernandes, motorista; Alessandra Beserra, síndica, e os assistentes sociais Lúcia Araújo e Nilson Pereira - (crédito: Ricardo Daehn/CB)

Mesmo feliz, pelo ponto de virada — que prenunciou o placar de porcentagem que renderia 47% dos votos para o ex-presidente Lula —, o técnico de radiologia Orleans de Albuquerque, 28 anos, engrossou o time de petistas que foram ao Bar do Kareka (Taguatinga) para sentir o calor na apuração dos votos Brasil afora, e ainda antecipar o inevitável vindouro segundo turno. "No segundo turno, acho que vai (dar PT)", arriscou Orleans, cuja esposa estava tão compenetrada nos resultados do telão que preferiu não dar opiniões. Entre "vivas" coletivos do bar, que celebravam a promessa de "educação", com um retorno de Lula, Orleans opinou que bolsonaristas usurparam "a imagem do Brasil" (leia-se, a bandeira), e aproveitou para criticar o atual presidente: "A atuação na pandemia poderia ter agregado algo — mas é um governo tão incompetente que fez foi regredir".

No mesmo bar da CNF (Taguatinga), o assistente social da secretaria de saúde Nilson Pereira, 47 anos, transbordava emoção ladeada por discurso. "Não são lágrimas de crocodilo. Em 2018, com a eleição, a minha pressão foi a 19 por12, e tive que ir para o pronto-socorro", contou o ex-líder, nos anos de 1990, de grêmio estudantil. "Desde a adolescência periférica, no P Sul da Ceilândia, mantenho envolvimento com política. Sou filho do Prouni", enfatizou o petista que aposta em Anunciação (de Alceu Valença) como "hino de uma vitória histórica para Lula".

Diante da detecção de um "péssimo governo (atual)", a professora Rosângela da Silva Rodrigues enfatizou a descrença no rescaldo da campanha política de 2018. "Não tinha propostas de educação, e o setor ficou muito prejudicado. Defasado, com toda a certeza", observou. À frente de atividades dos anos iniciais na vida escolar dos alunos, a professora pontuou a responsabilidade em sala de aula: "Escola é local em que se transmite ensinamentos para formar cidadãos. Depois, o que virá será da consciência destes mesmos alunos".

Ainda no Bar do Kareka, a vendedora Paula Nunes comentava da falta de entendimento, acirrada no atual pleito. "Aqui (no bar) se corre menos risco, só tem petista", celebrou, referendado a importância de ter visto a filha, a cantora Clara Muniz, 18 anos, cantando para o presidente Lula, em abril deste ano. Com relação ao governo local, dada a vitória de Ibaneis Rocha, Paula demonstrava a atitude moderada. "(Ibaneis) Não era meu candidato, mas, eleito, espero que ele faça o melhor. Seja mais atento ao que não foi", sublinhou a cearense.

Numa circunstância espinhosa, que dificulta até mesmo o diálogo com parentes, alguns militares, a aposentada Marlene Rosa, 59, revivia, ao lado da amiga Sônia Pereira, tanto parte dos 30 anos de história, pelos corredores da Câmara Legislativa, quanto o clima da apuração sempre experimentado com família e amigos. No Bar do Calaf (Setor Bancário Sul), ela reafirmava pontos e metas de vida. "Não sou lulista, nem petista, mas sempre estive ao lado da esquerda. Quem fez crescer a economia brasileira e teve preocupação com a ala social do país foi o Lula. A gente não deve olhar só para o próprio umbigo. Quero um país melhor para meus filhos e netos", arrematou.

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