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Denise Motta Dau afirma que aumento dos feminicídios é problema nacional

Para secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, houve desmonte das políticas públicas que defendem mulheres no país, nos últimos anos, por conta do aumento de uma cultura machista e misógina

Henrique Fregonasse*
postado em 20/07/2023 18:18 / atualizado em 20/07/2023 18:52
A secretária nacional de enfrentamento à violência contra mulheres do Ministério das Mulheres, Denise Motta Dau. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
A secretária nacional de enfrentamento à violência contra mulheres do Ministério das Mulheres, Denise Motta Dau. - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Durante o seminário Combate ao feminicídio: Responsabilidade de todos, promovido pelo Correio nesta quinta-feira (20/7), a Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do Ministério da Mulher, Denise Motta Dau, destacou a importância do trabalho de mudança da cultura nacional, que, segundo ela, ainda é machista e misógina. A secretária destrinchou as ações em curso por parte do  ministério, que abrangem essa mudança cultural e a implementação de novos serviços.

De acordo com Denise Dau houve, nos últimos anos, um fomento dessa cultura machista e misógina por algumas figuras públicas. Além do desmonte das políticas públicas que tratam do tema, com cortes orçamentários e a extinção, em vários estados e municípios, de secretarias focadas nas mulheres. Para Dau, a falta de incentivo e estrutura, pelo governo federal, a essas secretarias, acaba resultando em um retrocesso na defesa das mulheres, assim como aconteceu.

Apesar do aumento da taxa de feminicídios no Distrito Federal, que, em 2023 já contabiliza 21 vítimas, frente às 17 de 2022, Dau afirma que o problema é de âmbito nacional. Em entrevista ao Correio, a secretária explica que o desmonte de políticas públicas unido ao grande incentivo ao armamento da sociedade civil ocorrido nos últimos anos acaba resultando no aumento da violência contra a mulher. Dau cita uma pesquisa do Instituto Sou da Paz que mostra que, a cada duas mulheres assassinadas no país, uma é por arma de fogo. O que, para ela, explicita a grande relação entre esses fatores.

Dau explica que a atuação da Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, no Distrito Federal (DF) é realizada em parceria com a Secretaria da Mulher do DF e tem foco na ampliação dos serviços da Casa da Mulher Brasileira (CMB). Conforme a secretária, já há espaços em construção em quatro cidades do DF, e que está sendo feito um projeto especial para a implementação também em Ceilândia.

Para a técnica, é imprescindível que haja fomento de uma cultura de igualdade e respeito para com as mulheres. Segundo ela, esse trabalho precisa estar imbuído nos componentes curriculares de escolas e universidades para criar uma conscientização que evite que homens venham a se tornar possíveis agressores e mulheres se submetam a essas situações de violência, sem saber como combatê-las. “Essa cultura não pode ser naturalizada, a cultura da violência contra a mulher, a cultura do feminicídio. Isso não é natural. Isso é construído socialmente”, afirma.

*Estagiário sob a supervisão de Hylda Cavalcanti

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