As investigações da Polícia Federal conseguiram desvendar que o empresário do Distrito Federal Adauto Lúcio Mesquita, preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (29/2) na Operação Lesa Pátria, arrecadou dinheiro em espécie e em Pix para bancar a contratação de um trio elétrico para manifestações em Brasília para atacar as urnas eletrônicas, em novembro de 2022.
Considerado "patriota radical" em um relatório da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Adauto é natural de Unaí, Minas Gerais. O empresário deixou escapar, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), que "pechinchou" com o responsável pelo trio elétrico, conhecido como "Coyote", para um valor mais barato no aluguel.
No entanto, investigadores contaram a reportagem que a função do empresário era muito além do que ser apenas um intermediário na negociação, e sim ser o próprio arrecadador dos valores para o aluguel do trio, chegando a criar um grupo no WhatsApp. O trio chegou a ser contratado no valor de R$ 30 mil.
Financiamento
O sócio de Adauto de uma rede atacadista, Joveci Xavier de Andrade, também foi preso pela PF na manhã desta quinta. As investigações revelaram que os dois financiaram o acampamento em frente ao Quartel-General de Brasília, como a alimentação e banheiros químicos.
Um relatório da PCDF também indica que os dois bancaram outdoors, durante a campanha eleitoral de 2022, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, as investigações apontam que ambos bancavam alimentação de acampados em frente ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília.
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Os dois foram alvos de busca e apreensão e tiveram o bloqueio de bens e ativos. Os fatos investigados pela PF constituem os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Os dois empresários também foram indiciados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos por incitação ao crime equiparado pela animosidade das Forças Armadas e associação criminosa.
Veja nota da defesa dos acusados
A defesa de Adauto Lúcio Mesquita e Joveci Andrade não obteve acesso à decisão emitida pelo Senhor Ministro Alexandre de Moraes. Ressalta-se que, desde o início, houve esforços para esclarecer todos os fatos, compromisso que será mantido perante o Supremo Tribunal Federal.
A realização de apurações pelo Estado é considerada válida, e os investigados vêem agora a oportunidade de elucidar completamente as questões em aberto.
Eles reiteram seu compromisso com a democracia, o Estado de Direito, o respeito às Instituições, ao processo eleitoral, ao Ministério Público e ao Judiciário, com especial ênfase na sua instância máxima, o Supremo Tribunal Federal.
O Grupo ao qual Joveci e Adauto são acionistas reitera que é contra o vandalismo e a intolerância política, e acredita que a democracia é feita com pensamentos diferentes, mas jamais com violência. A diretoria do Grupo respeita as Instituições brasileiras, a democracia e o Estado de Direito.
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