COMBATE À DENGUE

Moradores do DF se mobilizam para combater focos do mosquito da dengue

Organizações de moradores do Plano Piloto articulam campanhas voluntárias de combate ao Aedes aegypti. Iniciativas incluem vigilância de criadouros, faixas e avisos em comércios e espaços de convivência e até compra de vacinas

Solange Madeira, ex-prefeita da quadra 308 Sul e responsável por iniciar uma campanha comunitária contra a dengue
 -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Solange Madeira, ex-prefeita da quadra 308 Sul e responsável por iniciar uma campanha comunitária contra a dengue - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
postado em 13/03/2024 06:12

Em meio à escalada dos casos de dengue no Distrito Federal, moradores do Plano Piloto e de condomínios se articulam para tomar iniciativas de combate à doença. Um exemplo é a prefeitura comunitária da 308 Sul, que mobilizou toda a quadra. Já no condomínio Mansões Itaipu, no Jardim Botânico, a administração e os moradores optaram por comprar doses da vacina contra a dengue e contratar uma agente de vistoria ambiental.

Aos 67 anos, Solange Madeira, que já foi prefeita comunitária da quadra-modelo, se assustou com o aumento de casos de dengue na capital em janeiro. Ao conversar com um porteiro sobre criadouros de mosquito encontrados na quadra, a assistente social decidiu tomar uma atitude. "Falei para ele: vamos solicitar ao síndico que ele compre areia para colocar nesses focos", relatou a ex-prefeita.

Solange acionou a prefeitura comunitária da quadra para mostrar que era preciso agir contra a proliferação do Aedes aegypti. Ela se reuniu, então, com Eduardo Portela, 42, síndico do Bloco G e conselheiro comunitário da Associação dos Moradores da 308 Sul, e o prefeito comunitário da quadra, Matheus Seco, 48.

Juntos, eles iniciaram uma campanha para redobrar a atenção com a zeladoria do quadrilátero tombado, incentivando os moradores a denunciar e limpar focos de dengue. Além de promover iniciativas propostas pelos síndicos dos blocos, como a colocação de cartazes, a prefeitura passou a divulgar alertas sobre a dengue no grupo de WhatsApp dos moradores. Solange, por sua vez, encarregou-se de coletar notícias do Correio para compartilhar na página da quadra no Facebook.

Ciente dos impactos da dengue nos idosos, a moradora começou uma campanha boca a boca na região. "Na Asa Sul há muitos idosos, então, decidimos atingir esse público colocando cartazes, entrando na comunidade, logicamente, pelos comércios, escolas, igrejas, etc", contou.

Ela destaca a iniciativa de um morador que, com um drone, conseguiu checar o estado de limpeza das calhas da Escola Classe 308 Sul. A escola também está realizando uma campanha educativa para as crianças, com painéis, atividades e cartazes sobre o combate ao mosquito da dengue. Já o carro do fumacê, solicitado junto à administração regional, realizou dedetização na quadra na última semana de fevereiro, e nesta quinta-feira.

Investimentos

No condomínio Mansões Itaipu, localizado no Jardim Botânico, a administração uniu esforços com os moradores para enfrentar o desafio crescente da dengue. Assim que a vacina contra a doença foi disponibilizada no mercado, eles deram início a uma campanha interna de imunização.

"No início, todo mundo sentiu dificuldades, porque não tínhamos doses o suficiente para imunizar todos que queriam participar da campanha. Acabamos fazendo um sorteio para decidir quem receberia as primeiras doses", relatou a síndica do Mansões Itaipu, Paloma Buzeto, de 39 anos. A publicitária afirma que os condôminos adquiriram, em conjunto, 100 doses da vacina Qdenga, por meio do laboratório Life. Para cada dose, foram investidos cerca de R$ 320,00. A segunda fase da imunização será em abril.

Além do incentivo à vacinação, a síndica tomou a iniciativa ao contratar uma agente especializada para realizar vistorias no condomínio. Dos 414 lotes e casas inspecionadas, cerca de um terço tinha focos de Aedes aegypti (34%).

"Quando os casos de dengue começaram a aumentar no DF, percebemos que o mesmo aconteceria no condomínio. Em janeiro, havia pelo menos quatro moradores infectados, então decidimos contratar uma moça com experiência de trabalho na Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde (Dival)", recorda Paloma.

A gestora se surpreendeu com a adesão dos moradores, que prontamente aderiram à proposta de contratação da agente, que mostra aos condôminos como identificar e lidar com potenciais focos do mosquito, além de treinar um colaborador do residencial para intensificar as ações de controle da dengue. Nas inspeções, a agente coleta amostras de água, larvas e pupas, para verificar a presença do Aedes.

Em fevereiro, dois técnicos da Dival percorreram o residencial. Além da vigilância, o condomínio adotou um protocolo de atuação para os casos confirmados de dengue. "Temos uma política de confidencialidade, em que os moradores notificam a administração caso sejam infectados. A agente executa, então, uma vistoria em um perímetro de 600 metros em torno da residência", destacou.

O carro do fumacê percorreu duas vezes o condomínio em fevereiro. Neste mês, haverá a terceira dedetização. "É um trabalho conjunto de eliminar os focos", finaliza Paloma.

 

 

  •  05/03/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Solange Madeira, ex-prefeita da quadra 308 Sul e responsável por iniciar uma campanha comunitária contra a dengue. Colocando cartezes e faixas no comércio da quadra e também no elevador do edifício onde mora.
    05/03/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Solange Madeira, ex-prefeita da quadra 308 Sul e responsável por iniciar uma campanha comunitária contra a dengue. Colocando cartezes e faixas no comércio da quadra e também no elevador do edifício onde mora. Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
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