SEGURANÇA

Viatura onde sargento matou soldado retorna para batalhão do DF

A reportagem apurou que a viatura foi reformada no teto, onde havia buracos, além de ter os vidros substituídos e feita uma higienização completa dos bancos

A viatura da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) onde um soldado foi morto por um sargento, que tirou a própria vida após os disparos, voltou a operar no mesmo batalhão onde os policiais trabalhavam, no Recanto das Emas.

A reportagem apurou que a viatura foi reformada no teto, onde havia buracos, além de ter os vidros substituídos e feita uma higienização completa dos bancos. Apesar disso, policiais do 27º Batalhão da PMDF (Recanto das Emas) têm receio de entrar no carro, que é chamado de “viatura assombrada”.

A tragédia, que ocorreu em 14 de janeiro, trouxe à tona a necessidade de debate sobre a saúde mental nas forças de segurança. Soldado da polícia militar desde 2021, Yago Monteiro Fidelis foi baleado na cabeça, durante patrulhamento no Recanto das Emas, pelo sargento Paulo Pereira de Souza, que tirou a própria vida após os disparos.

O segundo-sargento Diogo Carneiro dos Santos fazia parte do plantão junto dos colegas, mas conseguiu escapar sem ser ferido. Yago morreu cerca de duas horas depois de ser encaminhado para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), onde chegou em estado gravíssimo.

Patrulhamento

Desde que os policiais avistaram a viatura no pátio, o carro já foi utilizado duas vezes para patrulhamento na região. Muitos se queixaram de ansiedade e outros, por serem supersticiosos, temem pelo pior.

Além disso, parte dos policiais que trabalham no batalhão apontam que, em todas as ocasiões onde há ocorrências envolvendo policiais alvejados dentro de viaturas, os carros são remanejados para outros batalhões, também passando por uma mudança na identificação.

Em nota, o comando do batalhão informou que a viatura voltou de manutenção, mas que nunca foi designada para qualquer serviço. "Todas as providências para a transferência do veículo já foram adotadas", explicou a PMDF.

O presidente da Caserna, Carlos Victor Fernandes Vitório, disse que nunca viu um caso semelhante na corporação. De acordo com ele, a situação é complicada. "Gerou um trauma muito grande entre os policiais, porque eles não queriam trabalhar. Tem uma incessibilidade, porque, além da viatura retornar para o batalhão, as imagens mostram que preservaram as identificações da viatura. Nunca vi quando existia algum desastre, a viatura voltar para o mesmo batalhão. Gera um sentimento de luto nos policiais", explicou.

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